Estamos vivendo a quaresma! Momento de reflexão a partir de um episódio pesado na vida de Jesus: A tentação no deserto. Sabemos que não temos a força que ele teve, mas dentro dos nossos limites, precisamos viver este período com muita dedicação, fé, amor e entrega.  

Assim narra o evangelista Mateus: "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. E chegando-se a ele o tentado, disse: se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: está escrito: nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tornar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhes Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Novamente, o transportou o diabo a um monte muito algo e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. E disse-lhe: tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus disse-lhe: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás. Então, o diabo o deixou e eis que chegaram os anjos e o serviram" (Mt. 4, 1-11).

Jesus tinha muito o hábito de se retirar da frente dos apóstolos, normalmente gostava muito de ficar sozinho para orar e se proteger. Os fariseus não se cansavam de procurar argumentos para condená-lo e por muitas vezes, travavam altos debates para tentar deixá-lo sem resposta. Diríamos então que a tentação do deserto foi apenas uma entre tantas que o mestre teve por toda a sua curta vida. É possível, inclusive, perceber que o demônio tentou de todas as formas derrubá-lo, utilizando as mais diversas ferramentas e pessoas, até que, enfim, apareceu pessoalmente em um momento de extrema fragilidade e intimidade com Deus para atormentá-lo. Naquele lugar, o mestre estava fraco fisicamente e o demônio aproveitou-se dessa situação enchendo-o de indagações na tentativa de que ele pudesse abandonar os seus propósitos constados nos livros dos profetas. Só que, a fraqueza era só física, a mente estava ótima e no final, Jesus saiu vitorioso. Mas, levemos em consideração que o demônio estava bastante afiado em se tratando de Sagradas Escrituras e isto muito nos chama a atenção. Quantos de nós não damos a mínima para o nosso livro sagrado! Veja que da mesma forma, com versículos bíblicos, o Mestre o rebatia. Se tivéssemos a sabedoria de usar corretamente as citações bíblicas em nosso favor, muitos argumentos teríamos para vencer as discussões que sempre tentam nos derrubar. Outro fator destacável do texto, seria o demônio lhe oferecendo pão, mesmo sob a ordem de Jesus transformar as pedras em pão, mas o mestre foi mais forte e não titubeou. Uma grande ousadia do trem ruim foi lhe oferecer aqueles reinos e os demais do mundo inteiro em troca de adorá-lo, mas o Nosso Senhor nem ideia deu e o mandou cair fora dali sob a citação de Isaias: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás". Mas, outro detalhe chama a atenção, o que fazia o demônio acreditar que os reinos do mundo lhe pertenciam? Neste ponto convém considerar o lado político da coisa. Infelizmente muitos governantes ignoram as coisas de Deus, mesmo tendo súditos e cidadãos religiosos. São tantas atrocidades, desrespeitos, corrupções, mau uso do dinheiro público, exploração, benefícios errados, altos salários das autoridades do executivo, legislativo e judiciário em detrimento de uma merreca do trabalhador, liberação de aborto, parceria com bandidagem, fome, falta de moradia, falta de projetos que beneficiam a população, enfim, situações que deixam claro que o demônio muito interfere pelo mundo afora em muitas administrações públicas.  

Ao viver a nossa quaresma, lembremos que também somos tentados, passamos por momentos difíceis na nossa vida e somente Deus mesmo com os seus anjos sob a intercessão de Nossa Senhora e dos santos para nos dar forças. Quanto mais fé tivermos, mais seremos incomodados pelo demônio e é exatamente por isso que precisamos ainda mais intensificar as nossas orações. Na tentação no deserto, o trem ruim ofereceu inúmeros prazeres e Jesus conseguiu resistir, também somos abordados o tempo todo com um monte de coisas interessantes, principalmente nos horários de se procurar uma igreja ou fazer as nossas orações. Peçamos ao Mestre que nos dê a força que ele teve para vencermos os males do mundo e também para que tenhamos condições de saber separar o que é bom do que é ruim e assim viver em paz e confiantes na busca pela nossa salvação. 

A proposta da Igreja é que utilizemos aquele tripé: Jejum, oração e caridade. Pelo jejum entendemos as mais diversas mortificações, como da língua, do alimento, dos maus hábitos e por aí vai. Pela oração, estar sempre em sintonia com Deus e pela caridade, ajudar a quem precisa. Esta ajuda subtende-se muito mais do que uma simples cesta, mas um apoio, um amparo, enfim, todo tipo de cuidado que alguma família carente esteja precisando, para isso, inspire-se nos vicentinos que tiram de letra esta prática. Recentemente apresentamos também a crônica referente à Campanha da Fraternidade, por ela deparamos com um tema para a nossa reflexão, neste ano temos: FRATERNIDADE E AMIZADE SOCIAL, com o lema: "Somos todos irmãos". Assim, desejamos que a quaresma traga a todos grandes conversões e renovação da fé em prol de um mundo mais humano e carregado das graças de Deus.

Finalizemos com a mensagem do Papa Francisco para este ano: "A Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor (Os.2,16-17). Deus educa o seu povo, para que saia das suas escravidões e experimente a passagem da morte à vida. Como um esposo, atrai-nos novamente a Si e a sussurra ao nosso coração palavras de amor. Veja-se a alegria nos rostos, sinta-se o perfume da liberdade, irradie aquele amor que faz novas todas as coisas, a começar das mais pequenas e próximas". 

Fonte: CLIENT