22 de dezembro de 2024 às 07:46
SENTINDO O DRAMA DO PRESÉPIO
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no programa Show de Domingo do dia 22 de dezembro de 2024
Chegando o Natal, não
poderíamos conversar sobre outro tema e o foco deste ano será o presépio, esta
cena icônica marca presença derrubando um pouco o lado comercial do Papai Noel
e deixando um clima de religiosidade. O idealizador desta ideia foi São
Francisco de Assis e este tema norteará a nossa reflexão de hoje.
O primeiro presépio foi criado
na Itália no ano de 1223, pelo santo de Assis. Na época, a igreja não permitia
a realização de representações litúrgicas nas paróquias, mas São Francisco
pediu a dispensa da proibição para relembrar ao povo a natividade de Jesus
Cristo. No Brasil, os primeiros beneficiados foram os índios e colonos no ano
de 1522, por iniciativa do padre José de Anchieta. O santo foi muito criativo
mostrando muito mais que a realidade bíblica ao utilizar personagens que, com
toda certeza, participaram do nascimento do filho de Maria. Todos eles possuíam
um significado bastante condizente com o nosso entendimento. Os animais, por
exemplo, representam a natureza ao serviço do homem e de Deus. Do nascimento de
Jesus forneceram calor ao local e simbolizam a simplicidade do lugar. Os
pastores, depois de Maria e José, foram os primeiros a saberem do nascimento do
salvador. Eles simbolizam a humildade, pois naquele tempo a profissão deles era
uma das menos reconhecidas. O anjo representa o céu que celebra o nascimento, é
o mensageiro de Deus, comunicador da Boa Notícia. Normalmente, segura uma faixa
com a frase: "Glória in excelsis Deo", que significa: "Glória a Deus
nas alturas". A estrela simboliza a
luz de Deus que guia ao encontro do Salvador e orientou os Reis Magos onde
estava Jesus. É a indicação do caminho que se deve percorrer para encontrar o
Menino Jesus. Os reis Magos Belchior, Gaspar e Baltazar era homens da ciência.
Conheciam astronomia, medicina e matemática. Eles representam a inteligência
que vai até o Salvador e o reconhece como Deus. Segundo São João Paulo II, "a
verdadeira ciência nos leva à fé", pois nos revela a grandeza da criação. O
ouro, incenso e mirra são presentes que os magos ofereceram a Jesus. O ouro
significa a realiza, era um presente dado aos reis. O incenso significa a
divindade, um presente dado aos sacerdotes. Sua fumaça simboliza as orações que
sobem ao céu. Dando este presente a Jesus, os magos reconhecem que o Menino é
divino. E a mirra simboliza o sofrimento e a eternidade. É um presente
profético: anuncia que Jesus vai sofrer, mas também que seu reino será eterno. São
José é o pai adotivo de Jesus, o homem que o assumiu como filho, que lhe deu um
nome, um lar, que ensinou o ensinou uma profissão, a do carpinteiro. Ele deu ao
Menino Jesus a experiência de ser filho de um pai terreno. Maria é a mãe do
Menino Jesus, a escolhida para ser a mãe do Salvador. É aquela que disse "sim"
à vontade de Deus e por ela a humanidade recebeu o Filho de Deus. Por fim, o
presépio apresenta Jesus que se fez homem, para dar sua vida pela humanidade.
Assim já dizia São Paulo na sua carta aos Filipenses (2, 6-7): "Sendo ele de
condição divina, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se
a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens". Estas
informações adquirimos no site da Canção Nova.
A Igreja remenda que o presépio
seja montado no primeiro Domingo do Advento e seja desmontado no dia 06 de
janeiro, data em que é celebrado a Solenidade da Epifania do Senhor. Tem gente
que capricha um pouco mais na montagem, colocando animações e outros
personagens, o que não é errado, desde seja sempre contemplado figuras
religiosas ou que representem as pessoas que estão sempre à procura da
misericórdia divina. Poderíamos dizer que somos também personagens do presépio.
A alegria que nos contagia com o nascimento de Jesus é a mesma daquelas figuras
ilustradas por São Francisco.
A inspiração do santo de Assis
veio das mais diversas passagens que relatam o nascimento do Salvador. Depois
de ter passado aquela fase de aceitação de José e de já ter absorvido a ideia
de ser pai terreno do Filho de Deus, foi sobressaltado com a obrigatoriedade de
um censo ordenado pelo governo, fazendo-os viajar sob o lombo de burrico 145
quilômetros entre Nazaré e Belém. Maria estava grávida e o percurso não era
nada fácil. Depois de muito sofrimento, o casal se deparou com uma cidade
lotada sem nenhum alojamento disponível, a solução foi se acomodar num local
onde dormiam os animais de uma fazenda e exatamente ali, ela entra em estado de
parto. O berço que acomodou o Mestre dos mestres foi uma manjedoura, uma espécie
de coxo onde os bichos alimentavam. O parteiro foi José mesmo que certamente
ficou com muito medo das coisas não darem certo, mas, por outro lado, tinha a
convicção que os anjos o estavam ajudando, afinal de contras, tratava-se do
nascimento do Salvador anunciado pelos profetas. Naquele instante estava
nascendo um rei sem nenhuma pompa, mas que modificaria a humanidade. Esta
condição de nobreza fez com que fosse visitado e adorado pelos magos e um ódio
sem precedentes ocupou a mente de Herodes que temendo perder o trono, começou a
perseguir Jesus. Como não sabia ao certo onde nascera, o monarca tomou uma
decisão drástica, a de matar todas as crianças menores de dois anos para
atingir o Filho de Deus. Como a Sagrada Família estava muito bem amparada pelos
anjos, um deles avisou-lhes do que viria acontecer e José foi obrigado a passar
por outra prova de fogo, fugir com Maria - que estava de resguardo - e o filho
para o Egito que ficava a mais ou menos 450 quilômetros. O site acidigital comenta que "Embora a
rota percorrida pela Sagrada Família não esteja registrada na Bíblia, os
cristãos coptas identificaram cerca de vinte e cinco lugares onde eles
acreditam que Maria, José e Jesus ficaram durante sua permanência no Egito".
Quando Herodes morreu, São José recebeu uma nova visita do anjo: "Levanta-te,
toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que
atentavam contra a vida do menino" (Mt. 2, 20). Este vai e vem fez José,
Maria e depois Jesus percorrer cerca de dois mil quilômetros até o retorno da
terra natal.
Concluindo, o tema é muito
gostoso de conversar e o espaço é pouco de forma que, o que nos resta, é
desejar a todos os simpatizantes das crônicas, um santo e feliz Natal. Que o
presépio faça sentido na nossa vida para celebrarmos de fato o nascimento
daquele que veio para nos salvar!
Fonte: CLIENT