05 de novembro de 2022 às 06:35

RESSACA ELEITORAL

Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 06 de novembro de 2022

O Brasil passou nesse ano pela eleição mais complicada e acirrada da sua história. Direita e esquerda dividiram o palco por igual, fazendo com que o clima ficasse bastante tenso. A história da República brasileira guiará a nossa reflexão de hoje.

No ano de 1889, a nossa nação adotou o regime republicano em substituição ao monárquico. A votação não era popular, no entanto os poucos eleitores podiam votar no presidente e no vice. Desta forma, Marechal Deodoro da Fonseca foi eleito o primeiro presidente e como vice, o seu oponente Floriano Peixoto. Vê-se que não foi boa ideia, presidente e vice ideologicamente de lados opostos tendo que trabalhar juntos e de fato não deu. O período foi marcado por crise econômica, pouca participação popular e insatisfação por parte da maioria dessa população, especialmente os mais pobres. O apoio veio pela maioria elitista, que via no novo governo um meio de recuperar parte das perdas que teve com a abolição da escravidão. Este período foi chamado de Primeira República, encerrada na Era Vargas, na sequência, a Quarta República com destaque para Juscelino Kubitschek, que marca a construção de Brasília, capital federal, depois a militar e por fim a Nova República, essa em que estamos vivendo. O período militar terminou no ano de 1984. O primeiro presidente na Nova República foi Tancredo Neves, que adoeceu bem na posse e faleceu quase dois meses depois, assume então José Sarney. A inflação nesta época era terrível, os preços chegavam a subir até três vezes no dia. Nesse governo aconteceu a elaboração e promulgação da Nova Constituição em 1988, considerada Constituição Cidadã sob coordenação do Deputado Ulisses Guimarães que teve uma morte sinistra. No ano de 1989 foi eleito Fernando Collor de Melo. Havia uma promessa de inovação e de um Brasil moderno e promissor, mas não foi isso que a população assistiu, os escândalos de corrupção o fizeram renunciar no ano de 1992, ainda assim foi submetido ao Impeachment ficando inelegível por oito anos. Na sequência, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, o considerado pai da nossa moeda, o REAL. FHC governou até 1992 passando a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro presidente de origem operária que buscou socializar a distribuição de renda. Apesar da estabilidade política, os casos de corrupção foram marcantes, como acusações de compra de voto para reeleição em FHC em 1998 e o escândalo de mensalão, no governo Lula, em 2005. Após Lula, ainda dentro do partido, assume Dilma Rousseff, a primeira mulher a assumir a presidência no Brasil. Ela foi eleita em 2010 e reeleita para o mesmo cargo em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil. Grandes escândalos de superfaturamento na construção dos estádios foram pautas dos jornais.  Seu segundo governo foi abreviado por um impeachment e Michel Temer, seu vice, assume. Em julho de 2017, Sergio Moro, então juiz federal de primeira instância, condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na ação penal envolvendo um tríplex no Guarujá. Na segunda instância, a pena foi aumentada para 12 anos e um mês. Também muitas pessoas ligadas ao governo petista foram presas confirmando um período de bastante intemperes políticas. No ano de 2018 houve eleição, mais uma vez o Partido dos Trabalhadores tentou entrar no poder, mas como o seu principal mentor ainda estava preso, Fernando Haddad foi derrotado no segundo turno para um militar que ganhou a graça popular, Jair Messias Bolsonaro.

Foi um período muito difícil, com resistências por todos os lados. Além de precisar arrumar a casa, o presidente enfrentou um período pandêmico, guerra da Rússia com a Ucrânia, oscilação do Dólar, alteração nos preços e reativação da economia. Algumas características o favoreciam, como possuir ministros totalmente técnicos sem interferência de partidos, iniciativa para promover mudanças, controle total da economia, atenção à população de todas as classes. Por outro lado, caia contra ele a franqueza incompreendida pelas pessoas, a oposição, fundamentalmente no STF que deveria agir imparcialmente, parte da imprensa que insistia fazer uma propaganda negativa dele e um fator que pesou muito, a maneira de lidar com a pandemia. Quatro anos se passaram com muitos progressos, mas com a libertação de Lula por uma artimanha do STF, Bolsonaro não consegue a reeleição e diante de uma falta de memória da população, Luiz Inácio é eleito para assumir a partir de 2023.

Mesmo que haja insatisfações, o voto define o resultado de acordo com a Constituição. Se algo precisasse ser feito, deveria ter sido antes da oficialização das urnas. Tudo bem que foi como aquela brincadeira do Cabo de Guerra, um lado ganhou. Pode ser que houve mais mãos puxando ou estratégias, mas o que importa é que ganhou. As manifestações são interessantes, elas mostram que os insatisfeitos não estão felizes e nem conformados, mas, faz-se necessário aceitar e trabalhar para a próxima eleição.

E assim encerramos o tema de hoje contando um pouco da história da República no Brasil e finalizando com os dias de hoje. É importante perceber que orações foram feitas de todos os lados e se assim aconteceu. Que aceitemos e continuemos a pedir a Deus pela próxima gestão. Deus não desampara os seus filhos, democracia é desta forma mesmo, as opiniões são respeitadas. Pena que na disputa muitas famílias e amigos entraram em conflitos e se tornaram inimigos. Ruim também ter envolvido a Igreja Católica na briga com ofensas desnecessárias, que Deus perdoe estes escrupulosos. Mas agora, vida nova com alegria de um lado, tristeza do outro e silêncio dos que ficaram em cima do muro. Que venha a copa para ficarmos todos de um lado só!

Fonte: CLIENT

comentários

Estúdio Ao Vivo