Iniciou nesta semana uma das estações mais simpáticas do ano, a PRIMAVERA. Depois de um período de seca, queimadas e clima sombrio ela chega exuberante mostrando a beleza das flores e das árvores. Talvez não tem sido assim tamanha convicção por causa das questões ambientais que têm comprometido suas características, ainda assim sentimos esperanças e vemos o nosso ambiente de maneira bem mais agradável.

A palavra PRIMAVERA vem do latim primo vere, significa: “Antes do Verão”, outra estação que muita gente gosta em função do calor e da possibilidade de férias. Iniciada dia 22, ela fechará em 21 de dezembro e se não fosse tantas transformações climáticas, seria a responsável pela floração ou desabrochamento das flores, modificação da paisagem, amenização das temperaturas e aumento da umidade do ar. Eu disse “seria” porque o próprio homem está comprometendo as estações do ano com suas interferências ambientais a começar pelas queimadas descontroladas. Em uma de nossas crônicas passadas já tratamos do assunto, mas é salutar lembrar de novo. Tudo bem que alguns fazendeiros precisam fazer a antiga restauração do pasto e o caminho escolhido é sempre pelo fogo, mas foi possível assistir cenas horrorosas onde queimou-se muito mais do que a área demarcada e houve o atingimento de áreas de habitat de pássaros e animais silvestres. Estas criaturas de Deus de muita importância para o ecossistema não sabiam para onde afugentar-se e morriam queimadas semelhantemente ao capim seco. Outras consequências desagradáveis aconteceram como a baixa visibilidade nas estradas, a questão respiratória, fundamentalmente de idosos, crianças, e doentes. Os fogos criminosos causaram danos irreversíveis na vegetação causando também riscos de explosões e morte de muita gente, como no caso da mata queimada por duas vezes só neste ano na entrada da cidade onde se encontra um posto de combustível e uma fábrica de grãos da Cooperbom. Será que os criminosos, ao praticarem tal ato por diversão, não pensaram na desgraça que poderia acontecer? Por estas e outras que a Primavera chega com a missão de tentar resolver estes problemas, mas um pouco impossibilitada enquanto o homem não se conscientizar das consequências.

Outro fator que tem deixado a estação mais tímida é a escassez de água. A Terra pode até ter o privilégio de ganhar o apelido de “PLANETA ÁGUA”, mas muita coisa precisa ser feita para manter o título. Os rios estão rasos, as nascentes estão secando e com pouca água aqui em baixo, a respiração do ar que promove a chuva faz com que ela venha bem menos. Neste ponto percebe-se uma via de mão dupla, as águas que caem do céu para encher os rios não estão vindo de maneira normal, porque as plantas e árvores que contribuem neste feito estão também sedentas. Qual seria a solução? Bom... no fundo todos sabemos, aprendemos na escola com as ciências, geografia e outras disciplinas. Faz-se necessário a proteção dos rios, o controle do lixo, esgoto, importar-se com a questão da biodiversidade, ecossistema, assessoramento, reflorestamento das margens e a utilização da água forma consciente. A natureza foi criada para garantir a nossa sobrevivência e cabe a nós também garantir a dela.

É muito comum chover para a recepção da estação, mas não tem sido assim. É curioso que antigamente não fugiam as características de cada tempo como chuva, frio, sol, vento e por ai vai. Os romeiros iam à Aparecida do Norte e traziam aquelas Folhinhas Marianas que parecia uma única folha de jornal com letras pequenas e cheias de informação. Elas eram pregadas atrás da porta da cozinha ou mesmo na parede e traziam todas as informações para o ano seguinte. Assim as pessoas sabiam quando ia chover, quando ia dar sol, quando podiam plantar, colher e pescar. Hoje não acontece isto nem com tanta modernidade. A previsão do tempo falada no jornal pela manhã para o dia todo a partir de aparelhagem altamente tecnológica utilizada pelo serviço de meteorologia costuma cair em contradição quando a tarde acontece uma mudança brusca deixando o anunciante como mentiroso, mesmo ele não tendo culpa da sua informação. Parece que deu pane na máquina do tempo. A primavera até tenta dar uma driblada nesta situação, mas falar que é fácil não é não. Modernidade, homem e natureza precisam ser mais harmônicos.

Uma grande identificação deste período são as CORES. Durante a seca, a única árvore que mostra beleza sem parceria com a primavera é o IPÊ que já tratamos especificamente em crônicas passadas. Mas, convenhamos, como as flores enfeitam o ambiente depois de tanta cinza no ar em todos os sentidos da palavra. Os animais e os vegetais reanimam-se. As chuvas, apesar de tudo, começam a querer dar o ar da graça. O calor é suportável e as noites frescas. As temperaturas se modificam de maneira gradual da mesma forma que as águas do mar que se aquecem cada vez mais. Ana Lúcia Santana do site Infoescola diz que a poesia desta estação é inegável, pois ela é inspirada pela presença de flores como a Margarida, o Pingo de Leite, a Rosa, o Girassol, bem como por jasmins, hortênsias, hibiscos, lágrimas-de-Cristo, crisântemos, narcisos, violetas, damas-da-noite, entre outras. As pessoas vão se despertando, saindo dos seus casulos e a alegria toma conta não só dos corações humanos, mas também dos animais.

E com esta nostalgia chegamos a mais um final! Chega exuberante, Primavera! Nós te amamos e agradecemos a Deus pela sua interferência nas nossas vidas! Pablo Neruda dizia que “Podes cortar todas as flores, mas não podes impedir a Primavera de aparecer”. Que a nossa vida também seja assim, os problemas não podem sobrepor a nossa vontade de resolvê-los. Vivamos intensamente cada dia desta estação e que ela nos faça novas pessoas!

Fonte: CLIENT