12 de novembro de 2024 às 13:38
PESOS QUE NOS IMPEDEM DE VOAR!
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 10 de novembro de 2024 no programa SHOW DE DOMINGO.
Charles Chaplin já dizia: "Há que se despojar de
tudo para alçar voo e atingir o infinito, o peso é que nos prende ao chão".
Mas, quais pesos seriam esses? Como despojar deles? Como atingir o infinito?
Mas, o que seria o infinito? Estas indagações, a partir do pensamento do
saudoso Carlitos, norteará a nossa reflexão de hoje.
O ser humano é carregado de incógnitas, pressões e
preocupações. O peso, a que nos referimos, seria toda a carga pesada do dia a
dia. Uma expressão popular diz que, "Deus nos dá a cruz conforme consigamos
carregar", mas a fraqueza diante de inúmeras situações, faz com que tenhamos
dificuldade ou não reconhecemos o nosso potencial e força. A fragilidade humana
faz com que ele ache problemas onde não existem, mais ou menos dentro da ideia
de se fazer a tempestade em um copo de água. Nalgumas crônicas anteriores
conversamos sobre o poder da mente e a necessidade de dominá-la para não ser
dominado por ela. É certo que fácil não é e nem também impossível. Os monges
budistas, com sua capacidade de concentração e reflexão, entendem muito bem
esta máxima, acreditam eles que o excesso de posses e a preocupação com elas
torna-se um fardo pesado, assim, "eles descobriram que ter muito não é sinônimo
de felicidade, mas que, surpreendentemente, ter menos pode até ser mais efetivo
para esse objetivo. Muitas posses levam às distrações, maior tempo consumido
para sua administração, menos tempo para desfrutar o momento presente e se
dedicar às coisas mais importantes na vida. Não seria preciso se livrar de tudo
e ficar apenas com três mudas de roupa, um barbeador, uma agulha e linha, uma
sandália, mas talvez você possa refletir melhor sobre quanto você precisa ter",
já relatava o site nucleonumi. Nas recomendações dos discípulos de Buda, também
encontramos: Compartilhar o conhecimento, desenvolver a empatia e seguir uma
rotina. Estas estratégias contribuem para aliviar o peso do dia a dia.
Jesus disse certa vez: "No mundo tereis aflições,
coragem, eu venci o mundo" (Jo 16,33). Muita gente acha a sua cruz muito
pesada, geralmente se lamuriam a todo instante, a tal ponto de achar que está
sendo vítima de uma injustiça, haja vista outros terem o fardo mais leve. Um
autor, cujo nome desconheço, tem uma frase muito interessante para auxiliar o
nosso tema: "Se no mundo não tiveres problemas, pode ser que sua luta seja
injusta". Todos temos intempéries da vida, uns mais, outros, menos. Diríamos
que toda causa tem consequência e toda consequência tem uma causa. Alguns pesos
são muito intensos, porque houve muita coisa por trás deles os fizeram ficar
assim, o que não quer dizer que não possa ser aliviado. As estratégias, forças,
atitudes, oração, ajuda ou procura pelas soluções podem contribuir para o
alívio das dores. Olhando pelo lado cristão, Jesus está disponível a nos ajudar
a carregar as nossas cruzes, mas não a assumirá sozinho.
O despojamento não seria, necessariamente, ignorar
os problemas ou jogá-los fora, mas tão somente administrá-los para ficarem mais
leves. Quando Carlos Drumond de Andrade escreveu o poema "A PEDRA", por ter
sido vítima dela, percebeu que aquela inconveniência poderia se transformar em
solução. Seria como sentir o alivio do peso, derrotando-o. Logicamente que ele
não deixaria de existir, mas não causaria tantos danos. Há quem diga que eu
posso estar sendo fantasioso, mas, a bem da verdade, o caminho é este mesmo.
Seria como abrir os olhos e também a mente para não sofrer muito e
concomitantemente conseguir meios de resolver a indaca. Quando voltamos toda a
atenção para os problemas, ficamos cegos e sentimo-nos dominados e sem forças
para vencê-lo. Ao enfrentar este leão sem medo, um conflito terrível
acontecerá, mas ninguém dirá que não lutamos.
O "alçar voo" tem tudo a ver com a necessidade que
precisamos para atingir o infinito. O "Atingir o infinito" seria alcançar
positivamente os objetivos. Assim, temos asas como os anjos para evoluir e
chegar na plenitude e ao dizer que o peso nos prende ao chão, chegamos à
conclusão que precisamos fazer de tudo para não deixar os problemas vencerem.
Penso que lutar sozinho talvez seja muito difícil, neste ponto lembro daquele
pensamento de Luciano De Crescenzo, escritor e filósofo italiano: "Somos todos
anjos com uma asa só, só podemos voar quando abraçados uns aos outros". Nesta
ajuda mútua, praticamos um monte de virtudes, como a caridade, o amor, a
solidariedade, a convivência, a cristandade e por aí vai. É possível imaginar a
cena do pensamento que está norteando a nossa reflexão, alguém com asas,
direcionando-se ao céu, tentando bater as suas asas enquanto os pesos
seguram-no para não subir. Estes pesos são as pessoas invejosas e más, são a
falta de saúde, o desemprego, as dívidas, enfim, as preocupações. O que nos
conforta é que temos também anjos nos ajudando a livrar destes males.
No ano de 1981, o cantor Byafra lançava a música
SONHO DE ÍCARO, segue um pouco deste lindo poema que tem tudo a ver com o nosso
tema: "Voar, voar, subir, subir, ir por onde for, descer até o céu cair ou
mudar de cor, anjos de gás, asas de ilusão e um sonho audaz feito um balão.
(...) O que sai de mim vem do prazer de querer sentir o que eu não posso ter,
que faz de mim ser o que sou, é gostar de ir por onde, ninguém for do alto
coração mais alto coração. Viver, viver e não fingir, esconder no olhar pedir
não mais que permitir jogos de azar fauno lunar, sombras no porão e um show
vulgar, todo verão. (...) Repetir o amor já satisfaz dentro do bombom há um
licor a mais. Ir até que um dia chegue enfim, em que o sol derreta a cera até o
fim (...)".
Chegamos ao final, hoje inspirando no saudoso
Chales Chaplin com um dos seus brilhantes pensamentos: "Há que se despojar de
tudo para alçar voo e atingir o infinito, o peso é que nos prende ao chão".
Crescer tem que ser sempre a nossa meta, assim já dizia a escritora Ize Barros:
"Não há vitória sem luta. Não há conquista sem esforço. Não há superação e
crescimento sem dor. Não há felicidade nem plenitude sem sofrimento. Não há
alegria nem poesia sem tristeza ou melancolia". Que o céu seja o nosso limite!
Fonte: CLIENT