05 de fevereiro de 2023 às 07:27
O SAL DO ALIMENTO E DO EVANGELHO
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no Programa Show de Domingo do dia 05 de fevereiro de 2023

O evangelho deste final de
semana vem falar do sal. Este produto que dá gosto ao alimento serviu para
Jesus evangelizar e mostrar às pessoas a necessidade de ser importante para si
e para os outros. Nos dois sentidos a dosagem se faz presente, exatamente
porque os excessos podem acarretar problemas. Vamos então viajar um pouquinho
no tema?
Embora tenha existido desde a
formação da terra, o reconhecimento do valor do sal para auxiliar o tempero
gira em torno de cinco mil anos. Antes ele era usado pelos babilônios,
egípcios, chineses e pré-colombianos para amaciar o couro, para conservação dos
alimentos e para servir de moeda. Este uso financeiro se deu pelo fato dele
começar a faltar e ser avaliado como o ouro. O sal chegou a ser motivo de
guerras e disputas e, por incrível que pareça, foi por causa dele que muitas
estradas foram construídas para o seu transporte. Hoje ele é um produto barato
e está ao alcance de todos. Ainda bem que mudou!
Uma comida insossa fica muito
ruim, por causa disto valorizamos muito o sal. Nosso corpo possui sais que são
regulados pelos rins e pela transpiração. O sódio está envolvido na contração
muscular, incluindo os batimentos cardíacos, nos impulsos nervosos e na
ingestão de proteínas. O cloro constante nele, auxilia na absorção de potássio
e é a base do ácido estomacal, além de ajudar no transporte dos dióxidos de
carbono das células até os pulmões, onde são liberados. Mas, não é por causa
deste monte de benefícios que você vai cair de braçadas, até mesmo porque o seu
excesso pode acarretar muitos problemas, como hipertensão, AVC, demência,
osteoporose, sobrepeso, dentre outros.
Vimos então que o sal pode ser
comestível ou não e como acontece esta diferenciação na produção? Bom o da
rocha é grosso e não é refinado e normalmente possui impurezas não comestíveis.
Dependendo da receita até dá para usar, como no caso de sorvetes caseiros, onde
ele é espalhado sobre o gelo para ajudar derreter mais rápido. Nos locais de
muito gelo, ele é espalhado pelo chão para contribuir com o derretimento. Mas
geralmente ele é produzido de três formas: mineração subterrânea, por solução
ou evaporação solar. Sendo a mineração por solução o método mais utilizado no
sal da cozinha. Na Coréia, existe o sal de bambu, eles pegam o sal marinho com
uma lama amarela em cilindros de bambu. Esse processo foi descoberto por monges
e médicos coreanos há mais de mil anos. Existem ainda a FLOR DE SAL, o ROSA DO
HIMALAIA, o NEGRO e o KOSHER. Trata-se de regiões com suas especificações e
graduação do sal de acordo com suas culturas.
Assim disse Jesus: "Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se
tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão par
ser jogado fora e ser pisados pelos homens" (Mt. 5,13). Esta fala aconteceu
no Sermão da Montanha, antes o Mestre proclamou as bem-aventuranças elogiando a
todos e garantindo que pela humildade, o céu estaria garantindo. Ao citar o sal
ele disse que eles não poderiam ser águas
mornas, o Reino dos Céus não precisa de pessoas assim. Pela leitura, ele
citou também a respeito da luz, a solicitação é a de ser sal e luz para o bem
de todos. Ninguém acenderia uma lamparina para escondê-la, muito pelo
contrário, a colocaria em lugar alto para iluminar todo o ambiente. Da mesma
forma, não se faz um alimento nutritivo e gostoso para uma única pessoa
enquanto muitos esperam para alimentar-se. Paralelamente entendemos que o Reino
de Deus precisa de multiplicadores da fé. Cabe a todo cristão batalhar pela sua
própria conversão de também dos que estão ao seu redor. Ser sal e luz seria
possuir sabor, gosto, luz e direção. Sendo ele antisséptico e
anti-inflamatório, é encarado biblicamente como o responsável pela purificação
e proporcionador da pureza, da santidade e da obediência àquilo que Jesus
ensinou. Da mesma forma que ele arde na ferida, nós também somos chamados a
penetrar nas feridas humanas das pessoas para que percebam o engano e se deixem
cauterizar e purificar diante à ação maligna a que estão condicionados. Na
condição de luz, o proliferador da fé age como aquele que ilumina e elimina as
trevas dos outros.
Quando dizemos que uma pessoa é
sem sal, estamos falando que ela é sem graça, sem emoção, sem amor e
despreparada para viver em comunidade. Tudo bem que ninguém precisa ser muito
imperativo socialmente falando, mas pelas regras de uma boa convivência, uma
boa dosagem de simpatia se faz necessária. Diríamos também que uma pessoa com
uma participação exagerada, afeta da mesma forma estas regras. "O melhor caminho é o do meio", já dizia
a filosofia budista. Jesus conta tanto com isto que ele não falou em ser sal na
família, no trabalho e no seu pequeno grupo, mas em toda o mundo. As ajudas
humanitárias para outros países, bem como as orações em prol daquelas pessoas
sofridas, seria fazer valer a condição de sal e luz.
O saudoso Charles Chaplin disse
certa vez: "Muitas vezes um rosto é doce
por causa do sal das lágrimas". Em crônicas passadas já falamos do choro e
do gosto de soro das lágrimas, os poetas adoram se inspirar nesta máxima. Por
falar em soro, lembramos a mistura de diferentes para ajudar no resultado
final, o sal e a açúcar trabalhando juntos em prol de um bem comum. Tudo
servindo de lição para nós!
Mas, como tudo que é bom e chega ao final, aqui
concluímos o tema de hoje. José Saramago dizia que "a esperança é como o sal, não alimenta, mas dá sabor ao pão". Este
minério em pó pode até desaparecer rapidamente com o vento, jogado na água ou
espalhado pelo chão, mas nunca perde o seu valor. Que assim seja também com todos
nós!
Fonte: CLIENT