27 de julho de 2024 às 06:34

O BRILHO QUE INCOMODA!

Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no Programa Show de Domingo do dia 28 de julho de 2024

Crédito:portal luteranos

Diante da sabedoria da natureza e gostando muito de tirar lições dos animais, escolhemos para hoje um inseto: o simpático VAGALUME. Mais do que aproveitar os seus hábitos para a nossa aprendizagem, vamos também, metaforicamente mostrar como é importante sermos luzes.

Vamos começar com uma historinha: "Certa vez, uma serpente começou a perseguir um pobre vagalume. Este fugia rápido, com medo da feroz predadora e a serpente nem pensava em desistir. O vagalume fugiu o primeiro dia, fugiu o segundo dia e nada da serpente desistir. No terceiro dia, já sem forças, o vagalume parou e perguntou para a cobra: Posso te fazer três perguntas? Ao que a cobra respondeu: Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, pode perguntar. Pertenço à sua cadeia alimentar? Não, respondeu. Eu já te fiz algum mal? Também não, falou a cobra. Então por que me persegues? Porque eu não suporto ver você brilhar, disse, finalmente, a serpente". É muito fácil perceber essa realidade entre os seres humanos, a inveja é uma desvirtude horrorosa que destrói os dois lados, infelizmente. As pessoas que brilham incomodam aquelas que vivem apagadas e que nunca procuram meios de evoluir e se tornarem luzes, muito pelo contrário, desejam a queda de quem está por cima.

Mas, por que o vagalume usa sua lanterninha nas noites de verão? A luz emitida por eles é o resultado de uma reação química que ocorre entre duas substâncias presentes no corpo do inseto: a luciferina e o oxigênio. Os flashes de luzes emitidos são usados para atrair presas, espantar predadores e também para chamar parceiros para reprodução. As cores emitidas pelos vagalumes podem variar do vermelho ao verde. A coloração está associada à família a que o inseto pertence e também à reação causada pela bioluminescência, aquela reação química que citamos. Em muitas regiões do país, os vagalumes estão ameaçados, devido a iluminação dos centros urbanos que interfere na luminosidade que ocorre no corpo do inseto. Uma vez não atraindo o parceiro sexual, acontece uma interrupção no ciclo reprodutivo deles. No Japão, os vagalumes são muito usados como bioindicadores na recuperação de cursos de água. Eles são também bons indicadores para entender o impacto da poluição luminosa. A origem do seu nome vem do português caga-lume ou caga-fogo, era o nome atribuído ao inseto por possuir emitir luz pela parte traseira do corpo. Com o passar do tempo, por questões de pudor e censura, trocou-se a letra "c" por "v", na linguagem culta, vaga-lume é escrito com um hífen no meio, o que reforça ainda mais essa teoria dos portugueses.

Jesus chegou a citar algo parecido, quando falava de sermos luzes que pudesse iluminar um ambiente inteiro e nunca ficar escondido debaixo de uma cômoda. No Evangelho de São João, 8,12, o mestre também disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará nas trevas, mas terá a luz da vida". Ser luz não significa querer brilhar mais que os outros, tão somente mostrar-se vivo e agradecido a Deus. A penumbra pode ter até o seu valor para descansar os olhos e nos levar à reflexão, mas nada como a claridade para enxergar o mundo. Quando o vagalume entra no quarto escuro, rouba a cena. Quanto mais escuro for o local, mais luminosidade ele emite. Interessante que ele não usa sua luz para enxergar, como quem usa um farol ou lanterna, mas para revelar a sua presença. Ele também não utiliza sua proeza para mostrar-se superior aos demais insetos do ambiente, mas age naturalmente como quem tem um dom. Bom salientar que ele não causa nenhum mal às pessoas, iguais a tantas outras moscas indesejáveis que podem até mesmo provocar a morte.

Neste paralelo entre ser luz que incomoda e viver nas trevas que se sente incomodado, o ser humano tem toda liberdade de fazer as suas escolhas. O brilho, no qual nos referimos, seria o sucesso na vida, fundamentalmente com os seus próprios esforços. Aproveitando os ensinamentos bíblicos, quem se torna luz, precisa fazer com que o seu ambiente também seja todo iluminado, seria como possuir um dom, uma profissão, uma aptidão ou qualquer coisa que revela sua competência em benefício de todos. As serpentes, lembrando a historinha, seriam aqueles que não conseguiram crescer e acham que os culpados são os que tiveram sucesso. Atitude extremamente insana destas pessoas. Tem gente que parece ter dom para nunca evoluir enquanto acham que a procrastinação é a melhor saída por fazer evitar a fadiga e os esforços, mas se esquecem que o mundo atual cobra em demasia e não dá muita chance para os molengos, assim, é melhor rever os próprios conceitos e procurar meios de se tornar luz também.  O norte americano Dan Montano apresenta uma fábula que "toda manhã na África, a gazela acorda cedo para correr o mais rápido que puder se não quiser ser comida pelo leão e assim garantir a sua sobrevivência. Também o leão acorda cedo todas as manhãs por saber que precisa correr mais rápido que a gazela se quiser se alimentar e não morrer de fome. Moral da história: Sendo você uma gazela ou um leão, acorde cedo e comece a correr se quiser sobreviver".

Para encerrar, vou utilizar as palavras do escritor Fábio Madeira: "Seja luz... espalhe seu brilho onde passar, deixe coisas boas, lembranças boas, energias positivas, é bom ser lembrado com saudades e isso te faz importante na vida das pessoas que te cercam. Escute sempre, fale quando necessário, seja ombro nas lágrimas e sorrisos nas alegrias, espalhe fé! A nossa vida é uma história onde todos os dias começam como páginas em branco e não podemos prever o final, mas podemos traçar no caminho uma linda história para ficar sempre na memória de quem nos ajudou a escrever".  Pela inspiração do simpático vagalume que incomodou a serpente por brilhar, chegamos ao fim propondo a todos a não se preocuparem quando o seu brilho estiver deixando as pessoas das trevas desinquietas. Jesus muito incomodou também, mas venceu, assim ele declarou: "No mundo haveis de ter aflições, coragem, eu venci o mundo" (Jo. 16,33).

Fonte: CLIENT

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