11 de outubro de 2021 às 16:12
MODERNIDADE EM CHOQUE
CRÔNICA DE ELIAS DANIEL DO DIA 10 DE OUTUBRO DE 2021 EM FUNÇÃO DO BUG NAS REDES SOCIAIS

Um fato inusitado desta semana conseguiu mobilizar e fazer
pensar o mundo todo. Um bug nas redes sociais fez tirar de cena por oito horas
o WhatsApp, FACEBOOK, INSTAGRAM e algumas outras plataformas. Foi possível
notar a dependência destes recursos modernos e como eles influenciam na vida
das pessoas. Este tema norteará a nossa reflexão de hoje.
Ainda continuo insistindo naquela frase de que “os
computadores surgiram para resolver problemas que antes não existiam”. Em se
tratando de redes sociais, a situação fica ainda mais intensificada.
Antigamente para usar um telefone era um Deus nos acuda! Se fosse na rua
necessitaria de fichas e depois os cartões que não duravam nada nos orelhões.
Em casa os fixos custavam o olho da cara. Tinha gente que trocava por lotes,
carro, alugava e por ai vai. A demora para aquisição de uma linha era enorme,
no mínimo seis meses. A conta também não era nada barata. Com a popularização
da internet a telefonia também se fazia presente mas tinha que ter muita
paciência para usar. Ainda assim as pessoas se achavam participantes do
primeiro mundo. Em dezembro de 1996 o cantor Gilberto Gil lançou uma canção
onde causou uma boa impressão de modernidade, o nome “Pela Internet”. Na música
ele utilizou a expressão navegação em todos os seus âmbitos. Vamos a um pouco
da letra: “Criar meu web site. Fazer minha homepage. Com quantos gigabytes se
faz uma jangada e um barco que veleje. (...) Eu quero entrar na rede. Para
manter o debate. Juntar via internet um grupo de tietes de Connecticut...”. Se
pudéssemos entrar na máquina do tempo para contar pra esta turma como as coisas
estão hoje, provavelmente não acreditariam da mesma maneira que não conseguimos
imaginar como será daqui a alguns anos.
Mas, voltando ao tema, as redes sociais do momento exercem
funções bem maiores que entretenimento. No que concerne à Pandemia, ai então
que elas assumiram por completo o cotidiano das pessoas. Muita gente deixou
seus escritórios e passou a trabalha home-office. As vendas então aumentaram
assustadoramente por este novo balcão. Os motoristas por aplicativo conseguiram
preocupar os taxistas. As salas de aula mudaram de lugar. Até mesmo as missas e
cultos usaram a nova metodologia. Os shows que ficaram impedidos de acontecer,
recorreram às LIVES como saída imediata. Enfim, se formos delinear tudo que
possa se beneficiar com as redes sociais, ocuparíamos todo o nosso espaço. Pra
se ter uma ideia, o número de usuários do WhatsApp segundo a revista FORBES,
está girando em torno de 2 bilhões no mundo. Isto é incrível para este recurso
que nasceu em fevereiro de 2009. Ou seja, apenas 12 anos e com tanto poder! O
INSTAGRAM surgiu em outubro de 2010, o TELEGRAM em agosto de 2013 e o TikTok em
setembro de 2016. O FACEBOOK foi o sucessor do antigo ORKUT e começou suas atividades
em fevereiro de 2004. Um dos seus criadores, o bilionário Mark Zuckerberg, hoje
é dono também do WHATSAPP e do INSTAGRAM, exatamente as redes que tiveram bug
no último dia 04 de outubro.
Mas, o que levou a este bug? Pois bem! Mistério! Somente
rumores tentam explicar o acontecido. Há quem diga que foi uma atualização,
outros, problemas técnicos mas, a versão mais bombástica vem de uma entrevista
sobre a plataforma com a ex-gerente do FACEBOOK, Frances Haugen que faria
sérias acusações em um dos maiores programas da TV americana, o 60 MINUTES.
Segundo os documentos apresentados pela ex-funcionária, esta rede social usa
suas páginas para espalhar o ódio e as FAKE NEWS além de priorizar o lucro,
deixando, muitas vezes, de limitar esses conteúdos por causa do engajamento.
Assim, os internautas suspeitaram que a interrupção teria acontecido para
desviar a atenção do mercado, já que o prejuízo seria menor do que deixar os
holofotes da entrevista. O fato é que mais de 3,5 bilhões de pessoas que usam
estas plataformas e faz movimentar um montante de 1,7 bilhão por dia
proporcionou um prejuízo na empresa de quase 500 milhões na sua receita.
Diante de tanta grandeza, como analisar a nossa pequenez? Na
verdade a grande maioria da população mundial foi pega de surpresa com todos
estes avanços tecnológicos. É sabido que não se trata de uma ocupação absoluta,
por incrível que pareça em muitos lugares as redes sociais ainda não se fazem
presente. No entanto os demais países que a usufruem estão dividindo entre si o
imperialismo tecnológico moderno, principalmente agora que todos se viram
obrigados a viver um novo recomeço. A venda de celulares, notebooks,
assinaturas de internet aumentaram imensamente. Tudo leva a crer que o ano de
2022 terá nova roupagem onde não mais poderá ser desprezado tudo isto que
chegou assim meio na pressão. Vamos a alguns exemplos: Muitos serviços
continuarão a ser home-office; As salas de aulas das escolas públicas serão
obrigadas a modernizar-se, os alunos já viram que a internet oferece muito mais
riquezas que entretenimento. As vendas online continuarão se intensificando
cada vez mais. As redes sociais se tornarão provas contundentes para registrar
fragrantes com fotos, áudios, filmagens e imagens. Os motoristas de aluguel
serão obrigados a se modernizarem para não entrarem em extinção. A arte
precisará se aprimorar também para alcançar o seu público e por ai vai. Não
tínhamos a menor dúvida que tudo isto poderia acontecer, mas o bug proporcionou
uma alerta de toda esta dependência. Meio parecido com um trem bala que viajava
a todo vapor, a tal ponto dos passageiros nem perceberem a velocidade ou a
distância entre a origem e o destino, quando, de repente ele para no meio do
nada. Todos então colocam a cabeça pra
fora para procurar uma resposta olhando para trás para ver de onde vieram e
depois para frente para ver como será o futuro.
Para encerrar esta temática, vou recorrer a um trecho da
música “Aquarela” de Toquinho e Vinício: “O futuro é uma astronave que tentamos
pilotar. Ela não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir
licença, muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar”.
Fonte: CLIENT