22 de abril de 2025 às 12:04
INSPIRANDO-SE NA SANTA CEIA!
Crônica de Elias Daniel De Oliveira lida e interpretada por Evaldo Carvalho no Programa Show De Domingo do dia 20. 04.2025

Ao celebrar a Páscoa, bem como a
ressurreição do Nosso Senhor Jesus Cristo, lembramos alguns fatos que
precederam este momento, dentre entre eles, a Santa Ceia, aquela festa de
despedida onde o Mestre revelou a sua Via Crúcis, bem como quem o haveria de
entregá-lo e trai-lo. Este tema norteará a nossa reflexão de hoje!
Na leitura de quarta-feira,
extraída do Evangelho de São Mateus (26, 14-25), encontramos os discípulos
indagando Jesus do lugar onde fariam a festa da Páscoa. É bom salientar que a
Páscoa já era celebrada muito antes, a referência é descrita no Antigo
Testamento como a libertação do povo israelita da escravidão no Egito. Ela
era celebrada pelos judeus para comemorar a liberdade conquistada pelo seu
povo. Mas, voltemos ao nosso contexto, Jesus viu que seria o momento certo para
se despedir, assim, recomendou que fossem à cidade e procurassem um certo
senhor que tinha um ambiente propicio para a ceia, no versículo 18, temos: "Ide
à cidade e procurai certo homem e dizei-lhe: O Mestre manda dizer: o meu tempo
está próximo, vou celebrar a Pascoa em tua casa, junto com meus discípulos".
Eles fizeram como havia sido recomendado, mas, certamente ficaram grilados com
a expressão: "o meu fim está próximo", o que queria dizer o Mestre? Pelo
menos a festa iria acontecer e isto os alegrava. A expressão "Ceia" para os
nossos temos significa uma festa regada de muitas iguarias, normalmente no
Natal, contudo ela nada mais é do que um jantar em família. O que Jesus fez com
os discípulos foi uma confraternização, percebe-se pela obra de artista
Leonardo da Vinci, pintada entre 1494 e 1498 que na mesa tinha muito vinho, tira-gosto,
comilança, enfim, tudo o que é comum num local deste, certamente brincaram,
conversaram à toa e se divertiram, até no momento em que o Mestre pediu
silêncio e mudou totalmente o rumo da prosa. Houve um silêncio assustador, enquanto
as revelações chegavam. O susto maior foi quando Jesus disse: "Um de vocês
vai me entregar às autoridades". A obra de Da Vinci mostra bem claro a
indignação da turma, foi um tal de apontar dedo pra lá e pra cá, quem seria a
pessoa a que Jesus referia? Pedro estava sentado ao seu lado e teve coragem de
perguntar: "Senhor, quem é?". "Para quem eu der um pedaço de pão
molhado", falou o Mestre. Neste instante dirigiu-se a Judas Iscariotes,
entregou-lhe e mandou-lhe fazer o que estava já planejado no seu coração. Todos
ficaram pasmos e sem ação. Eles poderiam muito bem impedi-lo, mas não
acreditaram que aquele colega de tanta confiança pudesse ser a pessoa que Jesus
falava. A dúvida foi tão cruel que chegaram a pensar que o Mestre estava
brincando e que talvez estaria pedindo pra ele ir buscar mais ingredientes para
a festa, haja vista ser ele o tesoureiro. Mas, estavam enganados, Judas saiu
rapidamente e Jesus deve ter sentido aquele gelo na espinha, esta narrativa
fica bastante clara quando ele desabafa: "Agora foi glorificado o Filho do
Homem e Deus foi glorificado nele" (Jo. 13, 31). A leitura continua com as
suas profecias: "Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me
procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: 'Para onde eu
vou, vós não podeis ir'". Os discípulos já não sabiam se curtiam
a festa ou se voltavam a atenção para aqueles dizeres difíceis de entender.
Mais uma vez Pedro indaga: "Mestre, não estamos entendendo, o Senhor vai
para onde?". Sem clarear nada, Jesus continua: "Para onde eu vou, vocês
não poderão ir agora, talvez mais tarde". "Mas, Senhor, por que eu não
poderia ir? Sou capaz de dar a minha vida pelo Senhor!", falou Simão. "Você
daria sua vida por mim? Vou te contar uma grande verdade, Pedro, ainda hoje, antes
que o galo cante por três vezes, você vai me negar".
Pela obra de Leonardo Da Vinci,
Jesus está sentado no centro da mesa enquanto os seus apóstolos estão ao seu
redor. Foi uma inspiração bem bacana do autor, é muito comum termos este quadro
nos nossos refeitórios, mas, na verdadeira ceia eles ficavam assentados no chão
e a mesa era bem pequena, talvez uns 40 cm. O local do artista também foi muito
pomposo, de fato parecia um salão de festas, só que Jesus reuniu numa casa, um
pouco maior que a convencional, mas não tinha nenhum luxo. Pelas análises de
especialistas da arte, Maria Madalena estaria do lado de Jesus no quadro de Da
Vinci, mas, pelos dizeres bíblicos, apenas os discípulos participaram. A
principal mensagem da Santa Ceia seria a Consagração do Pão de do Vinho, como
seu corpo e sangue. Pelo site evangélico da bíbliaon.com, o pastor Marcelo
Teixeira Malett, ressalta: "A Ceia do Senhor não foi criada por homens, foi
instituída por Jesus". O Evangelista
Mateus (26, 26-28) cita: "Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu
graças, partiu-o e o deu aos seus discípulos, dizendo: Tomem e comam; isto é o
meu corpo. Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos,
dizendo: Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é
derramado em favor de muitos, para perdão de pecados". No quadro do
renascentista o foco foi a discussão entre eles para saber quem seria o
traidor.
Deixemos o Da Vinci de lado e
voltemos à nossa reflexão! É certo que muita coisa aconteceu naquela festa de
despedida, dentre elas a cerimônia do Lavapés. O carinho de Jesus pelos seus
amigos era algo impressionante, depois de tantos ensinamentos, milagres e
sinais, dá a última lição, a da humildade, "Compreendeis o que acabo de
fazer? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o
sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós
deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a
mesma coisa que eu fiz" (Jo. 13, 12-15).
A Páscoa e a Ressurreição nos
fazem ficar mais alegres, mas é bom acompanharmos o contexto. Todo o sofrimento
vivido por Jesus teve um sentido, mostrar que as cruzes que carregamos todos os
dias, nem se compara a que ele carregou. Hoje também celebramos a Santa Ceia
nas celebrações eucarísticas, a participação nas missas não pode acontecer por
mera obrigação, o sacerdote, no momento da consagração, relembra todo aquele momento
vivido pelos discípulos em que o Mestre levantou o pão e o vinho, agora
simbolizado pelo corpo e sangue e ofereceu a eles como sinal da salvação de
todos. Muitos santos já revelaram a
importância da sagrada comunhão, bem como de todo o ritual eucarístico. Que
possamos levar mais a sério os nossos sacramentos e uma vez entendendo todo o
processo, se alegrar com o Cristo que venceu a morte e vive entre nós!
Fonte: CLIENT