21 de novembro de 2021 às 07:58

IGUALDADE RACIAL

Crônicade Elias Daniel  lida e interpretada por Evaldo José em função do DIA NACIONAL PELA CONSCI}ENCIA NEGRA.

Crédito:Foto: Reprodução / Defensoria Pública do Paraná

O dia 20 de novembro é reservado à Consciência Negra. Pela crônica de hoje vamos entender um pouco mais sobre o assunto. Por qual motivo existe esta comemoração? O que a história nos reserva a respeito? Onde é que existem falhas para ser necessária esta abordagem? Vamos então analisar juntos e do seu lado, faça também as suas conclusões!

Para início de conversa vamos analisar como o homem foi criado, tanto pela visão bíblica com a narrativa de Adão e Eva como pelos cientistas com o Homem de Neandertal. As duas versões não apresentam em momento algum que tenha havido especificações de cores para os primeiros seres. Imagina se Deus na obra da criação fizesse como numa fábrica de bonecas, onde criasse o Adão, a Eva, o Caim, o Abel, o fulano, o sicrano e o beltrano e já definisse uma cor para cada um para poder contemplar todos os gostos... seria hilário, não é? A diferenciação racial surgiu em função das regiões e pela maneira como os povos conduziram as suas culturas. O tratamento diferenciado de importância foi algo inventado pelo próprio homem para querer mostrar-se superior ao seu próximo. Neste ponto podemos tirar como lição os animais. Numa mesma espécie existem cores diferentes, e ninguém nunca viu um rindo ou criticando o outro, a não ser pelas fábulas criadas a partir da visão humana.

Pela história, a data surgiu em função da morte cruel do escravo fugitivo e líder quilombola ZUMBI DOS PALMARES. Ele era pernambucano e embora tivesse nascido livre, foi escravizado aos seis anos de idade. A sua morte aconteceu no dia 20 de novembro de 1695. Ele representava e ainda representa a luta em prol dos negros em épocas de tanta discriminação racial. Para entender melhor o assunto, voltemos no tempo e lembremos os motivos pelos quais o Brasil encheu-se de negros africanos que eram recrutados para trabalhar de maneira escrava. Tudo começou com a colonização, onde os portugueses não tendo sucesso na exploração dos índios, apelaram então para os homens fortes da África que também tinha passado pelo processo de colonização portuguesa. Muitos deles haviam recebido ofertas de trabalho no Brasil, outros foram sequestrados, mas quando chegaram por aqui, foram enganados e forçados a trabalhar de graça. É claro que nos próprios navios já se notava que a vida não seria tão boa. Tudo bem que não foi a primeira vez que teria acontecido a escravização de pessoas, nas antigas guerras, os derrotados se tornavam escravos dos vitoriosos, mas a cena assistida a partir da colonização foi no mínimo estarrecedor, e olha que durou em torno de 300 a exploração nas nossas terras. O que nos deixa triste é isto, eles construíram o Brasil, mal recebiam pelos seus ofícios, eram agredidos e quando de fato conseguiram se livrar desta penúria, enfrentaram o problema da discriminação e preconceito que perdura até os dias de hoje.

Foi muito feliz o teatrólogo Ariano Suassuna quando criou a maravilhosa peça "O AUTO DA COMPADECIDA", grande sucesso nas telas e nos teatros onde ele retratou Jesus como um negro. A ousadia de Suassuna foi muito interessante, Nossa Senhora é interpelada em favor de pessoas sofridas da sociedade que certamente cometeram erros, mas eram vítimas sociais, como o cangaceiro, o padre e bispo capitalistas, o malandro nordestino, a esposa infiel e por ai vai. As minorias tiveram voz no julgamento celeste fazendo com que o demônio não tivesse sucesso. O foco nosso hoje é sobre a questão negra, mas a discriminação é ampla na sociedade, são menosprezados os pobres, obesos, mulheres, baixos, deficientes, homossexuais, idosos, mendigos, feios e assim por diante. Criaram um estereótipo de pessoa ideal onde as demais, que não se encaixam neste perfil, são separadas como o feirante faz na caixa de tomate quando eles chegam na feira. Um dos episódios das Tartarugas Ninjas me marcou muito com uma frase dita pelo mestre delas. Ele, um rato, era cientista que havia criado uma porção para se tornar humano por um tempo limitado, aproveitou então para fazer pesquisa como os homens viviam e se relacionavam. Tomou a porção, virou um menino e saiu caminhando entre as pessoas. Até achou interessante os contatos, as ajudas e os diálogos. Tudo levava a crer que existia harmonia entre elas, até que a porção chegou ao fim e no meio de todo mundo, ele volta a ser um rato, neste instante todos quiseram persegui-lo para bater e matá-lo. Com a sua esperteza comum aos ratos, entrou de novo no bueiro e disse: "Deem aos humanos algo diferente deles que eles encontrarão um motivo para odiar!".

No fundo não haveria necessidade nenhuma de lembrar o DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA se os seres humanos colocassem nas suas cabeças a questão da igualdade. Esta data não é celebrada entre os animais, entre as plantas, mas pelos homens. Mas, não vamos generalizar, não são todos. Da mesma forma que existem os brancos racistas e preconceituosos, existem também os negros que se sentem menosprezados pela sua cor. Tudo bem que esta tristeza acontece quando se assiste as novelas, fundamentalmente as globais onde os atores pretos atuam somente como motoristas dos ricos, empregadas domésticas, bandidos, escravos e por ai vai. Também é nítido nos filmes americanos que deixa claro a divisão racial.

Enfim, não diria celebrar a data, mas que ela sirva para conscientizar a todos sobre o amor. Nas suas orações, pergunte para Deus se existe pra ele alguma preferência de pessoa. Que as diferenças sejam apenas físicas e que elas não sejam causadoras de separação. Já passou da hora do homem se ater a esta questão. Deus nos ama independentes de cor, estatura, condição social e racial. Sigamos o que nos solicitou Jesus: "Amar uns aos outros, assim como ele nos amou!"

Fonte: CLIENT

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