20 de maio de 2025 às 15:50

"HABEMUS PAPAM"

Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no programa Show de Domingo no dia 18/05/2025.

Crédito:https://g1.globo.com

Diante de uma expectativa impressionante o mundo se alegrou com a revelação oficial do novo papa que substituiria o falecido Francisco. A esperança de um pontífice que fosse o elo entre todos e que agradasse tanto progressistas, como conservadores deixou as pessoas atônitas. Este tema guiará a nossa reflexão de hoje!

Robert Francis Prevost, este é o nome de batismo do cardeal que se tornou LEÃO XIV. Ele trabalhou no Peru de 1985 a 1986 e de 1988 a 1998 como pároco, funcionário diocesano, professor de seminário e administrador. Passou os anos de 1987 a 1988 e de 1998 a 2001 nos Estados Unidos, radicado em Chicago e trabalhou na ordem agostiniana. O Papa Francisco nomeou-o cardeal em 30 de setembro de 2023. A sua escolha foi relativamente rápida, já no segundo dia os cardeais votaram, sob a inspiração do Espirito Santo, nesse sacerdote de 69 anos. A escolha do nome foi justificada por ele mesmo por reconhecer o trabalho brilhante do papa Leão XIII com sua encíclica Rerum Novarum, onde foi abordada as questões sociais, fundamentalmente a pobreza, como assunto necessário à discussão da igreja. Uma coincidência interessante foi que o documento, escrito no ano de 1891, aconteceu sob inspiração das ideias do jornalista Antônio Frederico Ozanam, o fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo.

A encíclica abordava as questões mais delicadas do relacionamento entre empregado e patrão, como o salário justo, o limite da jornada trabalhista, o trabalho insalubre, também da mulher, da criança e do escravo. O Brasil neste período estava vivendo uma fase crítica com o fim da escravidão e a chegada dos imigrantes italianos, bem como a transição entre a monarquia e a república. O mundo também passava por transformações sociais fortíssimas e a igreja não podia ficar inerte à situação. Hoje enfrentamos outros problemas e sendo o papa uma espécie de líder mundial que ultrapassa os quesitos religiosos, cabe a ele propor ideias que auxiliem nas soluções.

Quando Jesus consagrou o primeiro papa, disse-lhe: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt. 16, 13-20). Sabemos que a Igreja hoje é uma edificação fortíssima que já passou por muitos abalos e nem por isso ruiu. A responsabilidade do novo pontífice será enorme, vários desafios já são iminentes, como uma parte da igreja defendendo uma postura mais rígida em questões como sexo, gênero, casamento e imigração. Sendo sucessor de Francisco, certamente precisará seguir ou aperfeiçoar alguns pontos como a intervenção no cenário mundial, discutindo e interferindo em assuntos como o direito dos imigrantes, o cessar fogo nos conflitos do Oriente Médio e Rússia com Ucrânia. Um tema polêmico que deverá lidar, será os escândalos de abuso sexual clerical, algumas vezes o Papa Francisco foi criticado por não responsabilizar bispos e cardeais acusados de encobrir tais abusos. O novo papa também deverá manter a horizontalidade da Igreja, antigamente as decisões eram tomadas em Roma e de lá desciam para o resto do mundo, Francisco inverteu a pirâmide e passo a defender que todos os católicos devem ser ouvidos.

            No discurso de posse de Leão XIV, o pontífice disse: "Farei todo o possível para que a paz se difunda. A Santa Sé está à disposição para que os inimigos se encontrem e se olhem nos olhos, para que os povos redescubram a esperança e a dignidade que merecem, a dignidade da paz. Os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem silenciar, pois não resolvem os problemas, mas os aumentam; porque entrará para a história quem semear a paz, não os que criarão vítimas; porque os outros não são, antes de tudo, inimigos, mas seres humanos: não vilões a serem odiados, mas pessoas com quem falar". A sua preocupação é muito salutar, boa parte dos problemas do mundo advém dos conflitos e da falta de diálogo entre os governantes, já dizia Bob Dylan: "Quantas mortes ainda serão necessárias, para que se saiba que já se matou demais?". Jesus Cristo viveu numa época bem complicada, onde as diferenças não eram bem compreendidas, a sua maneira de falar de amor, como ferramenta de eliminação do mal, causou grandes perseguições e apatias a tal ponto de levá-lo à crucifixão. O mundo de hoje tem passado por certo distanciamento das coisas de Deus, muitas ideologias pregam uma liberdade exacerbada proporcionando desamor e carência de ética. Sabemos que Leão XIV não será o salvador da pátria, mas fará de tudo para que haja, no mínimo, a justiça social.

Assumir um papado tão cedo, significa ter muito tempo para desenvolver o seu trabalho, caso não tenha a mesma sina de João Paulo I que ficou no cargo por apenas 33 dias, tendo apenas 65 anos. Diríamos, que tudo está nas mãos de Deus! Afinal de contas, o conclave é carregado de muita oração e intercessão ao Espírito Santo. Uma mudança de papa apresenta ares novos com propósitos diferentes, tal como a evolução das necessidades. Quando Jesus escolheu o primeiro líder, já previa não ficar com eles por muito tempo, assim, precisaria de uma pessoa responsável que pudesse dar continuidade aos seus propósitos. Pedro tinha um bom potencial para liderança. Quando negou Jesus, não foi por mal ou por não lhe aceitar, mas temia ser preso ou condenado e a continuidade do reino ficar a desejar. Durante o seu "papado", batalhou muito para unir os discípulos e protegê-los, o fato de ter recusado Paulo na turma, foi exatamente por precaução, haja vista ter sido perseguidor de cristãos. Como bom pastor, proporcionou muitas conversões, milagres e se esforçou ao máximo para que o cristianismo se fortalecesse.

Pois bem, chegamos a mais um final! Hoje conversando sobre o novo papado. Nós cristãos precisamos rezar muito pela nossa igreja e ainda mais para o papa Leão XIV, a pressão para cima dele será muito grande e por mais firmeza que possa ter, é um ser humano como qualquer outro. Que o zelo pela espiritualidade e pelo patrimônio esteja presente no nosso cotidiano em prol de uma igreja forte, virtuosa e salvadora. 

Fonte: CLIENT

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