06 de maro de 2022 às 07:55

FRATERNIDADE E EDUCAÇÃO

Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 06 de março de 2022

Crédito:CNBB - CONIC

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lançou na última quarta feira o tema a ser refletido pelos católicos na quaresma de 2022. Desta vez a EDUCAÇÃO foi escolhida, com o seguinte lema: "Fala com sabedoria, ensina com amor" extraído do Livro de Provérbios no Capítulo 31, versículo 26. O principal objetivo seria o convite a ver a realidade da educação nos mais variados caminhos com a proposta da iluminação da Palavra de Deus para que ninguém seja excluído em prol da humanização, proximidade, justiça e paz.

A primeira Campanha da Fraternidade aconteceu no ano de 1964. Esta é a de número 58. O tema educação está sendo abordada pela terceira vez. No ano de 1982 trabalharam "Educação e Fraternidade – A verdade vos libertará" e em 1988, "Fraternidade e Educação a serviço da vida e da esperança". A deste ano é impulsionada pelo Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco. Geralmente acontecem grandes análises para se escolher assuntos salutares e necessários para todos. A ideia é que os cristãos tenham um direcionamento espiritual durante a quaresma com o sentido de mudança e transformação pessoal em solidariedade a algum problema concreto da sociedade brasileira.

Com o tema deste ano, pretende-se promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil. À luz da fé cristã, propõem-se caminhos em favor do humanismo integral e solidário. É sabido que a educação seria o melhor caminho para a eliminação das desigualdades sociais. Os governos até que têm providenciado alternativas interessantes para esta inserção e a igreja precisa se mostrar presente também visando à harmonia, humanização e a promoção da paz. Os defensores do estado laico não acha pertinente a Igreja Católica trabalhar estes tópicos. Eles esquecem que por intermédio do estado laico há um respeito a todos os seguimentos religiosos, não necessariamente a ausência deles. É bom deixar claro que falar de Deus para os estudantes não fere ou compromete as suas escolhas, mas é um caminho prático de ensinar que a ética, a moral e as demais virtudes não aconteceriam na sua magnitude sem uma pincelada de teor religioso. Estamos vivendo um momento em que a LIBERDADE tem sido palavra de ordem e o problema é que com ela vem a preguiça de levar a sério os estudos e como o sistema não quer números negativos e nem prejuízos acaba por adotar regimes de promoção automática deixando o futuro comprometido. Fazem-se necessárias então políticas públicas que trabalhem o assunto com pais, alunos, professores e autoridades na procura caminhos pautáveis. É bom levar em consideração a necessidade de discutir o contexto com o intuito de fazer com que as escolas proporcionem prazer aos envolvidos, um bom ambiente de aprendizagem, apoio e envolvimento de toda a comunidade escolar e fundamentalmente o diálogo.

O lema "Fala com sabedoria, ensina com amor" compreende algo mais complexo do que simplesmente repassar conhecimento. Quem fala com sabedoria mostra competência, bagagem e destreza, o que facilita ensinar com amor. Estas duas máximas são encontradas também no evangelho e proporcionam caminhos agradáveis, reais e corretas no ato de aprender. Os alunos normalmente tem a escola como extensão de suas casas e procuram muito mais que lições teóricas, mas desejam enxergar nos seus professores os seus segundos pais e neste ponto fica fácil entender os motivos pelos quais a Igreja Católica tanto insiste dizer que este lado humano precisa ser contemplado. O assunto é tão pertinente que o governo está se empenhando com o modelo do tempo integral, mas não se tem como negar que investimentos para isto se fazem necessários sempre. O ato de ensinar, aprender e socializar é um verdadeiro sacerdócio que ultrapassa o lado penoso para se tornar uma vocação.

A ideia de ensinar sempre fica associada à escola, mas em todos os lugares há necessidade de se procurar novos conhecimentos, como na família e na igreja. Padre Reginaldo Manzotti diz muito bem esta questão na sua música "Evangelizar é preciso" e no Hino da Campanha da Fraternidade 2022 fica explícita esta solicitação: "É tarefa e missão da Igreja boa nova no amor proclamar no diálogo com a cultura para a vida florir e fecundar. O que em redes se vai construir e a pessoa humana formar. Quando o anseio do conhecimento ultrapassa barreiras e fronteiras, se destaca o ensinamento oriundo da fé verdadeira que nos faz nesta ação solidários para o bem, condição que é certeira".  No refrão, um reforço maravilhoso para a filosofia do tema: "Quem fala com sabedoria, ensina com amor. Sua vida em total maestria é para nós luz, caminho e vigor". É possível dizer que o hino deste ano é o próprio texto base. Em todo o seu contexto percebe-se grandes lições. "Educar é atitude sublime que prepara a vida futura compreendendo o presente, pensamos ensinar é proposta segura, para, enfim, destacar-se a atitude dos que em Cristo são nova criatura". Mais perto do final a canção lembra a família e Igreja, a casa da nossa mãe, onde muito se aprende: "E na casa comum que sonhamos onde habita cuidado e respeito, Educar é o verbo preciso a cumprir neste chão grande feitos para o mundo poder imitar que na vida é o Mestre perfeito".

Pois bem, chegamos a mais um final, este tema é muito rico, mas o espaço é pouco. A recomendação de ensinar com sabedoria e amor servem para todos, não somente para os educadores. A conclusão do hino diz que "pedagogicamente é preciso escutar, meditar e compreender para que aprendamos com o Cristo o caminho da cruz percorrer e na escola da sua existência, o evangelho seguir e viver!". Apoiemo-nos no que disse Cora Coralina: "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina".

Fonte: CLIENT

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