07 de novembro de 2021 às 07:57

FALANDO DE MORTE, DE OLHO NA VIDA!

Crônica de Elias Daniel em função da celebração do dia de Finados. Lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 07/11/2021

Crédito:pt.dreamstime.com

Uma data lembrada nesta semana que merece boas reflexões é a dos mortos. Parece sinistro ficar conversando sobre o assunto, mas, é necessário. A lição vinda deste tema não seria necessariamente o enaltecimento da morte, mas tão somente, a valorização da vida. Seria mesmo o cemitério a última morada do ser humano? Mas e a alma que tem um papel fundamental, simplesmente desaparece com o fim da vida? Muitas perguntas e respostas talvez não tão satisfatórias, mas, vamos conversar ainda assim.

Uma visita ao cemitério no finados ou em qualquer outro dia leva a cabeça a fazer uma viagem nos pensamentos. As pessoas mais velhas quando passam perto dos túmulos, conseguem lembrar a história daqueles falecidos e nisto vem aquela velha sensação de que talvez esteja na fila. O que ninguém pode negar é que a morte é a única certeza que temos. Sei que é assustador e ousado dizer isto, mas é verdade. Ninguém consegue prever nada do que possa vir acontecer nos próximos minutos, horas e dias, no entanto consegue garantir que, mais cedo ou mais tarde, o fim chegará. A nossa cultura tem uma dificuldade enorme desta aceitação. Talvez seja porque somos muito ligados ao apego, amorosidade, afeto e o fato de pensar que um dia possa ficar sem o ente amado, assusta um pouco. Notaram que tudo tem início, meio e fim? Esta afirmativa serve para os objetos, plantas, animais, carros, casas, dentre outros. Nada é eterno, a não ser Deus. Até os pensamentos mudam, também as profissões e a maneira de lidar com as pessoas. Não poderia ser diferente com o ser humano. Talvez o que mais dói seja o EFEITO SURPRESA. Ninguém anuncia a sua morte, nem mesmo os suicidas. É tudo tão repentino que o impacto para os que ficam machuca muito. Nem mesmo os acamados em fase terminal na concepção dos médicos, podem dizer que já esteja à disposição da dona Morte, vai que acontece uma reviravolta e diante de um milagre aquele paciente ainda viva mais! Da mesma forma que uma pessoa extremamente saudável não pode apostar todas as fichas que vai demorar muito para o seu último suspiro. São inúmeros exemplos de jovens ou pessoas não tão idosas que foram pegos de surpresa num acidente, assalto ou mesmo num infarto fulminante. Vai saber!

E a questão da alma, o que tem pro trás deste subtema? Sem ter medo de errar, diríamos que ela é praticamente a mesma coisa que o espírito. Mesmo sendo invisível, cabe a ela dar vida ao corpo físico. Ela nasce com a pessoa e quando acontece o falecimento, não morre junto. Neste ponto os estudiosos do assunto ainda não completaram as suas pesquisas. Temos diversas versões embasados na ciência, no espiritismo, nos filósofos, na igreja e também nos descrentes. Pela Bíblia, ela pode perder-se, ser salva e existir após a morte. Os escritores bíblicos também afirmam que ela é a fonte de todas as sensações e sentimentos humanos, além de ser a responsável pela comunhão humana com Deus. Fundamentada nesta teoria criamos a concepção de céu e vida eterna. Pela Psicanálise, o inconsciente é que tem o controle dela naquela segunda pessoa que mora dentro de nós e ajuda na administração do corpo físico. É estranho dizer que, com o falecimento, a alma talvez vire uma fumacinha e deixe de existir, mas, por sua vez, ela depende do corpo para trabalhar.

O escritor Allen Silva, numa crônica no site Recanto das Letras, escreveu um texto maravilhoso com o título: POSSO MORRER AMANHÃ: “Você já parou pra pensar que amanhã você pode ser uma plaquinha com o dia que você nasceu e o dia que deixou este mundo? Nesta plaquinha não estará escrito quem eram seus ídolos políticos, sua religião, seu time de coração, nem suas bondades ou maldades. Sua bondade ou maldade serão medidas pelo número de pessoas que riram ou choraram ao ver esta placa. Você será lembrado por poucos e em poucos anos será apenas um retrato. Neste retrato você será apontado como um parente distante do tipo: Esse na foto é meu avô, mas eu não conheci ele. Um dia, você só vai existir na memória de algumas pessoas. E se o dia de a gente virar uma plaquinha for amanhã? Você está preparado? Pense, se você morrer agora, quais são as últimas lembranças que as pessoas vão ter de você? Alguns dirão: Já foi tarde, outros, Nossa, tão novo. O fato é que em poucos meses os viúvos se apaixonaram por outro alguém, seus filhos terão suas vidas, seu carro terá um novo dono, suas roupas serão doadas, seu emprego vai ser ocupado por outra pessoa e tudo que você tanto trabalhou para adquirir, vai ser objeto de disputa entre os herdeiros. Uma só pessoa passará o resto de sua vida lembrando de você todos os dias, sua mãe, e talvez o seu pai. Agora me responda: Você tem se preparado para ter valido a pena? Você tem marcado a vida das pessoas? Ou está perdendo seu tempo em discussões homéricas sobre política, religião e futebol? Um dia as pessoas vão olhar para o seu retrato na parede, já amarelado e sem qualidade e vão pensar se vale a pena mandar restaurar para que você continue vivo na memória, ou se jogam de uma vez no lixo para dar lugar a uma televisão nova ou um enfeite de 1,99. A vida é hoje, a hora é agora! Não perca tempo e amizade por discussões bobas, viva! Tá com saudades, liga! Se ame, mostre! Amanhã poderá ser tarde demais, pois cada momento carrega a possibilidade de ser a última vez que nos vejamos. Entenda: Um dia você será só uma plaquinha, se tiver sorte, vai virar nome de rua, mas mesmo assim, ainda será só uma plaquinha”.

A prosa está boa, mas chegamos ao momento da conclusão. Este tema merece muitas reflexões e o espaço é curto. São muitas dúvidas que não encontram suas respostas precisas. Conforme foi dito da introdução, a ideia principal não seria necessariamente enaltecer a morte, mas valorizar a vida! Importe-se com isto! Viva bem com você e com todas as pessoas. Aja como se você fosse morrer semana que vem! Pratique o bem, seja bacana e garanta a sua salvação!

Fonte: CLIENT

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