22 de junho de 2025 às 07:52
ENTENDO A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 22 de junho de 2025, no programa SHOW DE DOMINGO. Os comentários podem ser enviados para o e-mail: contato@radiocomunidadefm.com

Um tema que voltou a ganhar
destaque com o novo papa, foi a DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA. Não se trata de
nenhuma novidade, mas os seus fundamentos precisam sempre ser renovados. Pela
crônica de hoje, vamos abordar o assunto com o objetivo de entender um pouco
mais este documento tão importante para todo o mundo.
Um dos grandes motivos que o
Cardeal Robert Francis Prevost escolheu o nome LEÃO XIV foi dar sequência ao
legado de Leão XIII, considerado o pai da DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA. Mas,
diríamos, que a DSI iniciou com o próprio Jesus, quando voltava a sua atenção
aos menos favorecidos. Foi no ano de 1891 que então o Sumo Pontífice lançou a
encíclica RERUM NOVARUM, expressão em latim que significa "Coisas novas".
A sua inspiração veio do jornalista Antônio Frederico Ozanam, personagem – hoje
beato - muito conhecido nosso, por ter fundado a SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE
PAULO. Pelo documento, uma atenção mais voltada ao povo sofrido e necessitado
da época. Praticamente todos os papas subsequentes reconheceram o valor da
encíclica, lançando outras nos anos de aniversário dela. Desde a sua criação, a
Igreja oficializou a sua opção preferencial pelos pobres, é bom salientar que
não se trata de opção exclusiva. A ideia é que os governantes percebam este
envolvimento do Vaticano pela causa, mas sem abandonar os princípios cristãos.
Esta observação é salutar, haja vista alguns partidos políticos ou ideologias
religiosas aproveitar da situação para difundir propostas como, por exemplo, do
comunismo que acolheu a Teologia da Libertação, muito difundida no Brasil.
"Pobres, sempre tereis
convosco" (Mc. 14,7), estas palavras ditas pelo próprio Jesus serviram de
alerta para voltar a atenção para a causa. É claro que não seria dar
continuidade à condição de pobreza, mas, tão somente, promovê-los. Esta máxima,
os vicentinos tiram de letra! Por intermédio das conferências, os confrades e
consócias visitam famílias carentes, fazem sindicância e verificam suas reais
necessidades, a ponto de batalhar por soluções para fazê-los crescer e sair da
vulnerabilidade. Mantê-los pobres foi entendido pelos difusores da ideologia
socialista que propunham um mundo de igualdade, mas não na riqueza. Hoje a
igreja volta essa discussão para alertar as autoridades para a causa social.
Sabemos que a solução dos problemas não seria na entrega de cestas básicas ou
algo parecido, mas na resolução daquilo que está deficiente. Assim, propõe-se a
inserção das crianças na escola e mais tarde na faculdade, para que o mundo do
futuro seja de pessoas mais instruídas e bem formadas. As ajudas sociais
precisam ser mais bem trabalhadas com o objetivo de não permitir que os
beneficiados se procrastinem, mas saiam da sua zona de conforto. Um bom exemplo
é o que o governo instituiu recentemente denominado "Pé de meia",
trata-se de um beneficio para os estudantes frequentes do Ensino Médio e também
das Universidades. O problema se encontra no fato de que é exigido deles apenas
a presença e não notas, assim, os professores se deparam com alunos de olho no
dinheiro, sem nenhuma intenção de estudar, bom seria que fosse exigido pelo
menos alcançar a média, isto muito contribuiria para o interesse nas aulas.
O tema DESIGUALDADE SOCIAL
assume sempre a culpa do distanciamento entre os ricos e pobres. Mas alguns
fatores precisam ser observados, de fato tem pessoas abastardas que subiram na
vida à custa de exploração, roubos, falcatruas, sabotagem, desvios e corrupção,
mas boa parte estudou e trabalhou muito para chegar onde está e isto é
elogiável. Do outro lado da moeda, encontramos pobres que não tiveram
oportunidades ou precisaram sair da escola para ajudar no sustento, talvez
diante de uma doenças, limitações ou situações similares e diante disto, não
conseguiram prosperar na vida, mas infelizmente é muito comum encontrar pessoas
que não quiseram evoluir por se beneficiar das ajudas do governo, também diante
da preguiça, da comodidade, da vida fácil, enfim se fazendo de vítima ao
invejar da prosperidade de outros e, por fim, temos os que optaram pela
vagabundagem, com roubos, invasões e atitudes promíscuas para se conseguir
alguma coisa. Na verdade, o ser humano é muito complicado, ele tem a faca e o
queijo na mão, mas prefere seguir pelo caminho mais fácil, mesmo não sendo o
ideal. A Doutrina Social da Igreja apresenta pontos que trabalham esta questão,
assim já afirmava João Paulo II no ano de 1988 na encíclica "Sollicitudo rei socialis": "É necessário
recordar mais uma vez o princípio típico da doutrina social cristã: os bens
deste mundo são originalmente destinados a todos. O direito à propriedade
privada é válido e necessário, mas não anula o valor de tal princípio. Sobre a
propriedade, de fato, grava uma ‘hipoteca social’, quer dizer, nela é
reconhecida, como qualidade intrínseca, uma função social, fundada e
justificada precisamente pelo princípio da destinação universal dos bens".
O Papa Francisco também contribui com o tema: "Deveriam indignar-nos sobretudo as enormes
desigualdades que existem entre nós, porque continuamos a tolerar que alguns se
considerem mais dignos do que outros. (…) Na prática, continuamos a admitir que
alguns se sintam mais humanos do que outros, como se tivessem nascido com
maiores direitos". Ainda assim, o Papa Bento XVI fala sobre a caridade, como meio de
amenizar as desigualdades que o sistema não consegue resolver: "A caridade é
amor recebido e dado; é ‘graça’. (…) Destinatários do amor de Deus, os seres
humanos são constituídos sujeitos de caridade, chamados a fazerem-se eles
mesmos instrumentos da graça, para difundir a caridade de Deus e tecer redes de
caridade. A esta dinâmica de caridade recebida e dada propõe-se dar resposta à
Doutrina Social da Igreja".
Chegamos a mais um final! Na verdade, o espaço foi
pouco para conversarmos sobre tudo o que o tema propõe! O nosso desejo é que
todo cristão perceba que a Igreja está preparada, como sempre esteve, para
trabalhar nas questões sociais sem nenhum partidarismo, tão somente, seguir os
ensinamentos de Jesus. Acreditamos que os problemas persistentes se devam mais
ao sistema do que necessariamente à Igreja!
Fonte: CLIENT