19 de outubro de 2025 às 07:43
ENSINANDO PARA A VIDA
Crônica de ELIAS DANIEL DE OLIVEIRA, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no programa SHOW DE DOMINGO do dia 19 de outubro de 2025.
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Nesta semana comemoramos o DIA
DOS PROFESSORES! Pela crônica de hoje, vamos refletir um pouco sobre o assunto.
A escritora Cora Coralina, já dizia: "Feliz aquele que transfere o que sabe
e aprende o que ensina". Trata-se de uma profissão que não daria certo para
qualquer um, ainda mais nos dias de hoje em que o ensino se mesclou com
educação. Sem mais delongas, vamos ao tema!
Todas as profissões, sem
nenhuma exceção, passam pelas mãos dos professores. Alguns se destacam mais,
outros menos, mas as lembranças permanecem! Trata-se de um dom capaz de
transformar a sociedade. Os primeiros passos acontecem na alfabetização, que
mistério da vida esta etapa! A criança adquire os primeiros conhecimentos como
num passe de mágica, em seguida a curiosidade vai tomando conta, a empolgação
ajudando também e de maneira extrovertida, brincando e se divertindo, da lhe a
pouco já está lendo, diferenciando cores, fazendo pequenas somas e se sentindo
um personagem importante para a professora, pais e amigos. Os próximos passos
vão chegando de maneira paulatina, a leitura de placas, pequenos textos e
frases, tudo acontecendo como se estivessem com os olhos tampados e agora se
abrindo lentamente até no momento em que todo aquele processo deixa de ser um
tabu e o mundo parece brilhar mais. Como é lindo o trabalho da alfabetizadora!
A convivência na escola muito contribui para a socialização, novas amizades e
desenvolvimento social. A família já não é mais os únicos viventes da terra,
existe um mundo inteiro a ser conquistado! Uma vez dominando esta primeira
fase, o aluno depara com novos conhecimentos como o de Geografia, História,
Ciências, dentre outros. A partir de agora uma luzinha já vai acendendo para
ajudar a definir aptidões e opiniões, o gosto pela leitura também surge,
fazendo com que ele entre agora em um mundo invisível e rico de ideias que o
fará evoluir cada vez mais.
O escritor Jonathan Fonseca
Fogo disse que, "Na construção do nosso conhecimento, os livros são os
tijolos e os professores são os pedreiros". No Japão, a classe é muito
respeitada, eles possuem um prestigio enorme que são tratados com o termo
honorífico de SENSEI, trata-se de um título referente aos profissionais
que alcançam a maestria na sua área, como os médicos, advogados, artistas,
escritores, instrutores de artes marciais, dentre outros. Após a Segunda Guerra
Mundial, o primeiro ministro da época decretou que os salários dos professores
deveria ser 30% maior que outras profissões civis comuns. No decorrer dos anos,
sofreu redução, mas ainda é alta e varia de região, número de aulas,
competências, tempo e por aí vai. No Brasil este reconhecimento que contempla
salários altos acontece apenas nos cursos superiores, pelo Ensino Médio e
Fundamental, a base de todo o processo, os professores continuam labutando para
ser reconhecidos e mais valorizados. A maioria precisa trabalhar em dois cargos
para conseguir romper com suas despesas pessoais e isto é um agravante, haja
vista a importância do que fazem. Pesquisas têm mostrado que em um futuro não
tão distante, a classe dos professores poderá entrar em extinção. Os candidatos
às faculdades, quando consultados sobre seus propósitos e projetos de vida,
optam sempre por áreas diversas, a extrema minoria diz desejar ser professor.
Mas, olhando pelo lado bom, é
muito bom lecionar. Como é gratificante para o professor aposentado andar pelas
ruas e deparar com os mais diversos profissionais liberais exercendo suas mais
diversas profissões rentáveis agradecendo-o por ter lhe ensinado o caminho
certo. Aquela linda canção de Ataulfo Alves mostra a gratidão de um aluno pela
sua professorinha, a música tem por nome: MEUS TEMPOS DE CRIANÇA, assim
o poeta expressa: "Eu daria tudo o que tivesse para voltar aos tempos de
criança. Eu não sei porque a gente cresce, se não sai da gente essa lembrança.
Aos domingos, missa na matriz da cidadezinha onde eu nasci. Ai, meu Deus, eu
era tão feliz no meu pequenino Miraí. Que saudade da professorinha, que me
ensinou o beabá. Onde andará Mariazinha, meu primeiro amor, onde andará? Eu
igual a toda meninada, quanta travessura que eu fazia. Jogo de botões sobre a
calçada, eu era feliz e não sabia".
Na introdução, utilizamos uma
frase da saudosa Cora Coralina, quando dizia que, "Feliz aquele que
transfere o que sabe e aprende o que ensina". Esta via de mão dupla é
perfeita! Quem ensina, aprende também! Não apenas por ter preparado o tema, mas
por ver os resultados. Infelizmente assistimos hoje a uma inversão de papéis,
antigamente cabia aos pais a educação e aos professores o ato de ensinar.
Quando o filho aprontava na escola, os pais não titubeavam, davam a eles os
devidos castigos e agradecia os mestres por ajudá-los a educar, nos dias de
hoje tudo alterou, os filhos, carregados de mimimis, inventam inúmeras
desculpas e os seus educadores são criticados, inclusive, pelos seus pais. Esta
realidade triste acontece tanto em escolas públicas como privadas. Assim, a
sociedade acaba acolhendo esses personagens fracos, desinformados e
paparicados.
Mas, temos também pais e
professores rígidos com os alunos e filhos e eles reconhecem esta hierarquia.
Sabem estes jovens que o mundo é muito mais cruel e diante de tanta pressão,
conseguem infiltrar no futuro bem preparados, sabendo, inclusive, lidar com as
dificuldades. Estes novos cidadãos estão aptos a desenvolver com magnitude as
suas tarefas, ganhando muito dinheiro, prosperando e ajudando as suas famílias.
Com este potencial, a sociedade só tem a ganhar, evoluir e crescer! Atente-se
ao que disse o Imperador Dom Pedro II: "Se não fosse imperador, desejaria
ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as
inteligências jovens e preparar os homens do futuro".
Encerrando, desejamos a todos
os professores muitas bênçãos de Deus! Ser professor é acordar todos os dias
com a coragem de recomeçar. É ensinar até quando os ouvidos parecem fechados. É
transformar silêncio em pergunta, e dúvida em descoberta. É enxergar talento
onde muitos só veem problema. É lutar contra a desvalorização e ainda assim
permanecer de pé — porque sabe que o conhecimento é mais forte que qualquer
descaso. É oferecer ao outro metade de si, e ainda assim se doar por inteiro.
Porque só quem ensina entende: somos semente e também fruto. Somos ponte para
que o outro alcance o seu destino. Ser professor é ser raiz, é ser chão, mas
também é ser asa.
Fonte: CLIENT