23 de fevereiro de 2025 às 07:50

ENERGIA VITALIZADA!

Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no Programa Show de domingo do dia 23 de fevereiro de 2025

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Crédito:archsettegaia

Da mesma forma que a eletricidade, o ser humano vive carregado de energia em todos os sentidos. É muito comum ouvir que alguém parece estar nos 220 volts, o fato se dá pela vida agitada ancorada na ansiedade e no desespero para praticar uma ação em tempo recorde. Trata-se de um hábito comum a uma grande maioria de pessoas, que chega a se irritar com a vagareza dos tranquilos. Este assunto norteará a nossa reflexão de hoje.

O dia mal começa e os planos para o seu final já fica na mira do vivente. A modernidade impulsionou esta máxima, fazendo com que todos corram para conseguir cumprir a meta preestabelecida. Como nas lojas, as metas são aumentadas a partir do momento que elas são cumpridas, compreende-se que existe um potencial para mais. O roteiro diário individual passa por esta mesma situação, geralmente enchemo-nos de atividades, compromissos, responsabilidades e ficamos apreensivos para vê-los todos resolvidos. Existem pessoas que se desesperam, frustram e se deprimem quando não conseguem fazer tudo o que desejava, mas esquecem-se dos seus limites. Um ditado antigo dizia que, "faz-se necessário medir a água com o fubá para fazer o angu", acumular muitas tarefas faz com que todas sejam feitas precariamente, enquanto focar nalgumas, mesmo que exija mais tempo, ajuda na qualidade final. Estamos citando atividades, mas é inegável que a vida é deste jeito também. Por mais eficiente que seja o nosso cérebro, não conseguimos seguir o seu ritmo, diante disto, precisamos agir de maneira paulatina para evitar os tropeços, precariedade das ações e erros. Os monges possuem muita facilidade em concentração por usar a meditação como ferramenta importante antes de partir para a prática, assim também os artistas na criação de suas obras. A inspiração juntamente com a expiração auxilia o cérebro a não bugar.

Outras vezes já comentamos em crônicas passadas acerca da velocidade do tempo. A sua aceleração está associada ao desespero das pessoas em acumular atividades, claro que, o ser humano parece não ter este tipo de controle, isto porque o sistema, as necessidades e a vida corrida não oferecem um plano b. Qual seria então a solução? Bom... o melhor caminho seria mesclar e agir conscientemente. A pessoa desesperada acaba ficando nervosa, impaciente e irracional. A sua ansiedade não permite, sequer, aceitar os demais que estão mais lentos. Em se tratando de lentidão, chamamos a atenção também daqueles que estacionam no outro lado da moeda, a sua calma é tanta que acaba por não fazer quase nada. A atitude destes molengos irrita não somente os do 220, mas também qualquer um que quer ver a coisa fluir. Neste ponto de vista, adotamos aquela sabedoria: "O melhor caminho é o do meio", expressão que Siddharta Gautama usou para descrever o movimento para a libertação pessoal, implicando na prática de não-extremismo. O velho ditado reforçava este pensamento com o "nem oito e nem oitenta", nem muito lento, nem muito acelerado. Para se caminhar, usa-se um passo por vez, a velocidade pode acarretar tropeços.

Um dia tem 24 horas, normalmente dividido em quatro etapas: a madrugada, a parte da manhã, a da tarde e a da noite. Um bom roteiro contribui para que cada parte seja respeitada. Os intervalos também não podem ser descartados, como alimentar-se, descansar, beber água, atentar-se às necessidades fisiológicas e por aí vai. Parece bobeira esta observação, mas não é. Tem gente que atropela tudo e não lembram sequer de fazer suas pausas para respirar, beber uma água, descansar, sentir o clima ao redor e é claro, o corpo não suporta tanta pressão. Neste quesito temos assistido muitos casos de stress, depressões, infartos e doenças associadas aos não cuidados mentais. Quando Deus nos criou, colocou em nós a voltagem 110, o dobro dela acarreta uma super voltagem e comprometimento das nossas características vitais. A aceleração do coração, o sangue pulsando com mais velocidade, os olhos e cabeça sentindo-se pesados são alguns pontos de quem não consegue se controlar. Quem ocupa em demasia com muitas tarefas, esquece de viver e dar atenção aos seus. Os prazeres da vida são essenciais para a boa desenvoltura do ser humano. Tirar um tempo para brincar com as crianças, ir numa igreja, exercer trabalhos pastorais, praticar algum esporte, viajar, ir a um barzinho, cuidar da família, das plantas, dos animais domésticos, tudo isso faz parte para que haja qualidade de vida. "A vida vale a pena ser vivida", esta citação é o nome de uma obra de Clovis de Barros, nela ele mostra a todos que já descobriram que a soberania para deliberar sobre a própria vida com todos os riscos, é nosso único verdadeiro patrimônio. A intenção do seu livro é de fortalecer os leitores para resistir, cada vez melhor, contra todo tirano que pretenda empurrar-lhe goela abaixo a vida que vale a pena. Pois a vida é a sua, com seus sonhos, suas ilusões, seus medos e esperanças.

Viver com sabedoria é pedir a Deus anjos para ajudar a enfrentar cada situação. Muitas vezes não sabemos como agir e nos desesperamos querendo acelerar as coisas. Peçamos também humildade e paciência para aceitar os outros e entendimento que nem tudo conseguimos fazer. Vivemos numa sociedade nascida da comunidade. A "Comum unidade" seria o grupo menor onde opera a colaboração mútua. Lembram a expressão africana UBUNTU? Por muitas vezes a utilizamos em nossas crônicas, seu significado: "eu sou eu, enquanto somos nós" mostra que precisamos cuidar uns dos outros. Uma vez unidos, não há a necessidade de agir como um "cidadão 220 volts", até mesmo porque teremos energia suficiente para viver dentro da normalidade sem excessos.

Este foi o desafio do tema de hoje, mostrar as causas de consequências de quem age como se estivesse em 220 volts. É bom lembrar que o trabalho não sairá do lugar, o relógio continuará a funcionar ao seu modo sem nenhuma aceleração, enfim, tudo precisa acontecer de acordo com o seu ritmo. O velho ditado já dizia, "a pressa é inimiga da perfeição", faça do tempo o seu amigo e não inimigo. Encerremos com o pensamento do filosofo grego Sófocles (496 a.C): "O raciocínio e a pressa não se dão bem".

Fonte: CLIENT

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