06 de julho de 2025 às 07:52
CONVITE AO DISCIPULADO
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no programa Show de Domingo do dia 06/07/2025.
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Além dos 12 apóstolos que fazia
parte da comissão de frente da equipe de Jesus, havia os 72 discípulos para a
eficiência do trabalho. Desses, outros surgiram e mais outros no decorrer do
tempo e ainda hoje o convite continua por vocacionados em todos os sentidos,
fundamentalmente o religioso. O evangelho deste final de semana reforça esta
questão.
Para início de conversa, vamos
ao texto bíblico narrado por Lucas deste final de semana que toca no assunto: "Naquele
tempo, o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a
dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia
ir. E dizia-lhes: "A messe é grande, mas os trabalhadores são
poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a
colheita. Eis que vos envio como cordeiros para o meio de
lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não
cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que
entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!' Se ali morar
um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para
vós. Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem,
porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em
casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do
que vos servirem, curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: 'O
Reino de Deus está próximo de vós'. Mas, quando entrardes numa cidade e não
fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 'Até a poeira de vossa
cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós'. No entanto, sabei
que o Reino de Deus está próximo! Eu vos digo que, naquele dia,
Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade". Os setenta e
dois voltaram muito contentes, dizendo: "Senhor, até os demônios nos
obedeceram por causa do teu nome". Jesus respondeu: "Eu vi Satanás
cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e
escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal.
Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai
alegres porque vossos nomes estão escritos no céu" (Lc 10,1-12.17-20).
O surgimento de novas vocações
religiosas está passando por um momento muito delicado, embora a frequência nas
igrejas ou mesmo no trabalho pastoral continue ativo, o interesse em confinar
num seminário, mosteiro ou numa abadia tem ficado a desejar. A vocação feminina
ainda é mais complicada, os números não são nada animadores, com o
comprometimento de diversas obras assistenciais e de evangelização. A tudo isso
justifica o novo modelo de viver dos jovens que não abrem mão de suas
liberdades e o desejo de relacionar-se com outra pessoa. Tudo bem que neste
ponto deparamos com a vocação familiar, que é também louvável, no entanto o
trabalho no Reino de Deus não pode parar. Uma discussão já há muito tempo
circula pelos corredores do Vaticano sobre a castidade clerical, mas nunca
ganha asas diante das visões conservadoras. Assim, o que a Igreja tem
solicitado é orações e mais orações para o surgimento de novas vocações
religiosas. Talvez, um bom caminho seria uma nova maneira de trabalhar esta
formação, sem comprometer as tradições.
Uma vez aceito o convite, a
leitura do evangelho de hoje apresenta as instruções: Não leveis bolsas, nem
sandálias, onde chegarem, que as pessoas os acolham. Estou enviando vocês como
cordeiros no meio de lobos, fiquem atentos! O mundo é cruel e proporciona
muitas dificuldades do trabalho pastoral. Quando chegarem em uma casa,
ofereça-lhes a paz, se eles a aceitarem, muito bem, mas, se não quiserem, a paz
voltará com vocês, não há necessidade de forçar nada, apenas mostrar quão bom é
o Reino dos Céus e a proteção divina. Podem acreditar, pelo nome de Jesus,
farão grandes milagres com curas e até mesmo expulsão do demônio. A sua
fidelidade lhes ajudará a livrar dos males e a falar e convencer. Entenda antes
como funciona a questão da salvação, uma vez compreendido, mostre aos outros e
faça valer as palavras de Jesus.
O discipulado convicto é aquele
vive de acordo com o Evangelho. Ele deve saber para quem está trabalhando e
veste de fato a camisa de sua missão. Normalmente o autêntico discípulo é
aquele que possui liderança, não a título de mandar, cobrar, brigar, mas
sabedoria para conduzir o trabalho pastoral. Hoje temos diversos movimentos a
procura de participantes e mais ainda, líderes. As pessoas parecem estar com
medo de assumir cargos e não deveria ser assim, já vimos falar dos dons, cada
um tem o seu (ou os seus) e nada mais justo que oferecê-los pelo bem da
comunidade, o próprio Jesus disse sobre ser luz, ela não deve ficar escondida e
sim elevada para iluminar todo o ambiente. Os doze apóstolos não possuíam
muitas capacidades aos olhos do mundo, mas o Mestre enxergou neles um potencial
incrível para o discipulado, tudo bem que gastou um tempo para que a ficha
deles caíssem, mas foram essenciais para o trabalho do Reino de Deus.
A conclusão da leitura da
liturgia é bem interessante: "(...) ficai alegres porque vossos nomes estão
escritos no céu". Esta frase foi dita depois de mostrar que os
discípulos não se gabassem por ter vencido o mal, feito milagres, expulsado
espíritos maus, mas, simplesmente, por serem filhos de Deus. "A messe é
grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que
mande trabalhadores para a colheita", tem muita gente que precisa ser
evangelizada para não ser laçada pelo inimigo, cabe assim aos discípulos se
incumbirem desta missão, tem pessoas carentes espiritualmente que acabam
adoecendo fisicamente por sentir saudades de Deus. Às vezes é complicado para
elas fazerem esta procura sozinhas e o melhor caminho seria se apoiar em um
guia que as conduzissem para os assuntos relacionados ao céu.
O filósofo Confúcio dizia que, "é
preciso que o discípulo da sabedoria tenha o coração grande e corajoso. O fardo
é pesado e a viagem longa". O trabalho do discípulo não é tão tranquilo
quanto pareça, mas é gratificante, é muito parecido com o belo gesto de fazer
caridade, evangelizar, enfim, salvar almas. Diríamos que se trata de uma gratidão
a Deus por tudo o que ele fez e faz por nós todos os dias.
Nesta conclusão, reforçamos o
convite a todos para serem verdadeiros discípulos do reino. Cada um pode
oferecer o que puder, nem que seja a sua presença, carinho e acolhimento. Tem
serviço para todo o mundo! Quanto às vocações religiosas, que haja mais
trabalhos vocacionais para estimular nossos adolescentes e jovens para
despertarem para a causa.
Fonte: CLIENT