22 de setembro de 2024 às 07:50
BRASIL EM CHAMAS
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 22 de setembro de 2024 no Programa Show de Domingo.
Temos passado por momentos
difíceis nestes últimos dias e meses com queimadas por todo o Brasil. O tempo
seco muito contribuiu para a sua propagação, mas os casos de fogos iniciados do
nada foram bem raros, na verdade a maioria deles sofreu uma influência humana,
como bicotas de cigarro, vidros quebrados que receberam uma fortíssima luz
solar ou os propositais. Pela crônica de hoje, vamos refletir um pouco sobre o
assunto.
Quanto aos propositais,
deparamos com fazendeiros que cometem tamanha atrocidade para matarem pragas
como carrapatos e outros, além da renovação do capim de pastagem. O problema é
que muitos ignoram o descontrole do fogo e todos os seus efeitos. Como a época
apresenta ventos impetuosos, o fogo consegue ficar descontrolável e as
consequências são absurdas. É muito comum ver animais mortos à beira de
rodovia, alguns queimados, outros atropelados. O quesito respiração fica
bastante comprometido com crianças, idosos, asmáticos, dentre outros. O ar que
respiramos é 78% nitrogênio e 21% oxigênio e as fumaças têm a facilidade de
eliminar estes componentes a tal ponto de, mesmo quem não tem nenhum problema
pulmonar, sofrer também. A fauna e a flora são as primeiras vítimas na hora que
fogo chega, nos ninhos de passarinhos, os filhotes não conseguem fugir, os
animais pequenos também não possuem tamanha habilidade e até mesmo os bichos
adultos, conseguem fugir, mas não sabem para onde.
Nos incêndios criminosos,
deparamos com pessoas que limpam os quintais e põem fogo no que restou, os que
fumam e jogam o resto de cigarro aceso na beira da estrada, ainda os que veem
um mato seco e de propósito acendem um fósforo, enfim, aqueles que ignoram todas
as consequências. Muita gente alega que a falta de chuva é a principal causa,
mas o próprio homem tem causado motivos suficientes para a diminuição dela.
Parece uma via de mão dupla, o fogo compromete o meio ambiente e a natureza
sente os efeitos. O site g1 apresentou nesta semana alguns dados mostrando que
o Cerrado registrou um aumento de 221% nas áreas queimadas em agosto de 2024.
Trata-se dos impactos na floresta amazônica em que os focos conseguiram superar
os do ano passado. Somente neste último mês de agosto, foram queimados
1.239.324 hectares, mais que o dobro do tamanho do Distrito Federal, contra
386.404 hectares do mesmo período no ano passado. O site metrópole relatou que
São Paulo aplicou R$ 25 milhões em multas por causa de incêndios criminosos. Segundo
o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram registrados mais de
164 mil focos de incêndio no país entre janeiro e início de setembro, sendo
considerado o maior número desde o ano de 2010. Os estados mais afetados
são Mato Grosso, Pará, Amazonas e Tocantins, que concentram 56% dos pontos de
queimada contabilizados desde o início de 2024. No início desta semana, o
Brasil tinha quase 5 milhões de km2 cobertos por fumaça: é uma área
equivalente a 60% do território nacional, segundo o Inpe. Percebe-se que neste
ano, o número de queimadas foi absurdo, o nosso espaço não suportaria trazer
todos os dados estatísticos 2024 dentro deste assunto.
"Os dados sobre as mudanças
climáticas pioram a cada ano e, portanto, é urgente proteger as pessoas e a
natureza", disse o Papa Francisco quando recebeu a visita do cacique Raoni no
encontro sobre o tema "Da crise climática à resiliência climática",
organizada pelas Pontifícias Academias das Ciências Sociais, realizada em maio
para cerca de 200 pessoas de várias partes do mundo. O santo padre ainda
ressaltou que "as populações mais pobres, que pouco têm a ver com as
emissões poluentes, precisarão receber maior apoio e proteção". O pontífice
refletiu que os ataques e a destruição ao meio ambiente são uma ofensa a Deus. "A
destruição do ambiente é uma ofensa a Deus, um pecado que não é apenas
pessoal, mas também estrutural, que coloca seriamente em perigo todos
os seres humanos, especialmente os mais vulneráveis, e ameaça desencadear um
conflito entre gerações". E questionou: "Estamos trabalhando em
prol de uma cultura da vida ou de uma cultura da morte?"
A fumaça que entra nas rodovias
pode causar acidentes em série com a morte de muita gente. Isso se deve à
dificuldade de respirar do motorista, à falta de visibilidade e a possibilidade
de o fogo chegar ao veículo que muito instantaneamente poderá queimar e
explodir. Os fios de energia elétrica, telefonia e internet quando danificados
pelas queimadas podem acarretar prejuízos incomensuráveis na cidade. Vivemos
sob uma dependência sem medidas destas tecnologias, que mesmo chegando pelos
ares, ainda utilizam fiações protegidas, mas quando o fogo é intenso, qualidade
nenhuma suporta a alta temperatura. Diante disto, hospitais, comércios,
repartições públicas, dentre outros, poderão parar de funcionar e o cidadão
será o principal prejudicado.
Com a chegada da primavera, as
chuvas certamente darão o ar da graça. Deus permita que ninguém reclame delas!
Elas molharão o nosso chão, nos ajudará nas colheitas, nos proporcionará um ar
mais gostoso para respirar, enfim, serão como água benta vinda do céu para
deixar agradecidos todos aqueles que pediram em oração. Temos tido um clima
carregado de imperfeições diante de fenômenos como El Niño, El Niña, dentre
outros. Antigamente as estações do ano eram regulares com chuvas e secas nos
seus respectivos períodos, mas hoje misturou tudo, o que nos faz sofrer. O
homem já passou da hora de perceber a sua dependência da natureza, se ele não
criar maneiras de valorizar o meio ambiente, será a primeira vítima dessa
irregularidade.
Chegamos a mais um final, a
inspiração da crônica de hoje veio de um vídeo bem bacana circulando no
Instagram de autoria da Pastoral da Juventude da Paróquia de Nossa Senhora do
Bom Sucesso, os jovens foram bastante criativos e conseguiram dar o recado. Que
nós também possamos nos conscientizar da causa e quem sabe no ano que vem os
números reduzam bem mais. Que a humanidade possa pensar mais nos outros, bem
como no meio ambiente!
Fonte: CLIENT