07 de outubro de 2024 às 12:11
AS MÃOS COMO EXTENSÃO DO CORAÇÃO!
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no Programa Show de Domingo do dia 08 de outubro de 2024
A inspiração para este tema veio do Padre
Betinho, quando fez esta citação no segundo dia do tríduo em honra a São
Vicente de Paulo. O seu foco foi, evidentemente, o uso das mãos na caridade sob
o controle do coração. Mas, muito mais o assunto pode ser explorado, será este
o nosso desafio de hoje.
Por intermédio das mãos,
cumprimentamos as pessoas e manifestamos todos os nossos sentimentos como: amor,
ódio, simpatia, antipatia, aconchego, companheirismo, desprezo, enfim tudo
aquilo que o coração está sentindo. São elas que conduzem à boca o alimento que
proporcionará o sustento e a sobrevivência, que são levantadas para o céu,
quando se pretende agradecer a Deus as graças, que segura a mão da criança com
o propósito de proteção e condução para o bom caminho, que acolhe a mão do
amado ou amada com o objetivo de intensificar os laços, que mostra a alguém o
lugar indicado, depois de uma solicitação, que faz toda a higienização do corpo
em prol de uma boa saúde. As mãos acariciam, mas também batem; entregam as
esmolas, mas também roubam; faz o gesto da paz e também do ódio; auxiliam nos
mais diversos trabalhos e também na vagabundagem. Parece até que elas possuem
vida própria, mas não tem, ela é totalmente guiada pelo cérebro e pelo coração.
Os questionadores certamente
vão dizer que estamos sendo injustos com os manetas, aquelas pessoas que não possuem
as mãos ou os braços. Deus, na sua divina misericórdia provê sempre outras
qualidades físicas que suprem algumas deficiências, se elas não podem utilizar
as mãos para expressarem seus sentimentos, com certeza deverá fazê-lo de outra
forma, como dissemos: quem conduz tudo é o coração e o cérebro.
Na continuidade da exaltação
das mãos, lembramos os artistas que as utilizam para criarem suas obras, ou
pelo menos, abrilhantá-las como no caso dos cantores e atores. A habilidade e a
destreza ficam nítidas quando, ao comando da mente, emoção e razão se juntam
para revelar uma beleza digna de elogios. Como é impressionante quando um
maestro com sua batuta, conseguem numa orquestra com aquela grande quantidade
de músicos e os seus instrumentos afinadíssimos um som agradável aos ouvidos. E
como trabalham as mãos de cada musicista! Na bateria, auxiliando os sopros, nas
cordas das violas, violões, guitarras e outros. No final, cabem às mãos da
plateia baterem uma na outra em forma de palmas para agradecer a belíssima
apresentação.
As mãos que seguram as
bandeiras da paz, são as mesmas que acionam as armas e promovem as guerras.
Como é triste ver esta criação de Deus sendo mal usada ou matando pessoas
inocentes. Por falar em armas, lembramos os assaltos onde um bandido
escrupuloso, usa sua mão em direção à sua vítima, que, de imediato, levanta-as
para se defender ou mostrar que não fará nenhuma reação contrária.
A mão que assina um documento
oficializa uma situação permitida pelo cérebro, depois de todas as análises.
Cabe a ela dar o veredicto e arcar com as consequências. Neste contexto,
lembramos também os dedos com as suas digitais que conseguem diferenciar-se de
pessoa para pessoa num planeta que possui bilhões de habitantes. É
impressionante como elas são as mesmas desde o nascimento até o falecimento e
conseguem ser mais eficiente que a própria assinatura. Ao tratar do assunto "oficialização",
lembramos as alianças que unem duas pessoas pelo simbolismo e quem fica
responsável por cuidar delas são as mãos, mais precisamente, um dos dedos.
Com raras exceções, todas as
profissões precisam das mãos. A dos médicos, enfermeiros, pedreiros,
açougueiros, caminhoneiros, professores, bancários, garis, lojistas,
cozinheiras, escriturários, mecânicos, tratoristas, roceiros, pescadores,
mergulhadores, mineradores, advogados, faxineiras, motoristas, jardineiros,
enfim, é impossível imaginar alguma que fique isenta. Elas são grandes
contribuintes para a construção da sociedade, isto desde os primórdios. Foram
elas que, esfregando dois gravetos, fizeram acontecer a primeira revolução da
história, a do fogo. Com esta invenção a sociedade evoluiu e marcou a fase da
inteligência humana.
É muito comum ouvir a
expressão: MÃOS DE DEUS! Talvez por isso podemos contar com suas bênçãos.
Frequentemente precisamos purificá-las, o que não compreende simplesmente
lavá-las, mas, consagrá-las. Sabemos que elas podem ser canais de maldição,
cabe a nós fazer delas caminhos de salvação. Por essas e outras que os
Ministros da Sagrada Comunhão, antes de encostar na partícula consagrada,
purificam os seus dedos como forma de eliminar qualquer negatividade ou
impurezas do dia a dia. Pilatos quando viu que não poderia aliviar a condenação
de Jesus disse que lavava as mãos, até mesmo o imperador romano percebeu a
importância delas.
Ivan Lins canta este tema: "Louvadas
e livres sejam as mãos. Lutai, lutai por nós, benditas e santas sejam as mãos,
cuidai, cuidai de nós. Mãos que apuram os fatos, mãos que amparam o parto, mãos
amorosas unindo os casais, mãos que têm alma nos dedos, mãos que desvendam
segredos, mãos generosas com plantas e animais. Mãos de todas as raças, mãos
levantadas nas praças, mãos que aprenderam a falar por sinais...". Nesta
obra de 1987, encontramos a celebração poética e profunda das mãos humanas, destacando
sua importância e versatilidade em diversas esferas da vida. Nela é possível
ver a exaltação delas como entidades sagradas e libertadoras, que lutam e
cuidam de nós.
As mãos como extensão do coração ganharam
notoriedade na crônica de hoje, mas é claro que todos os órgãos do corpo humano
têm sua importância e merecem ser lembrados, contudo ficará como sugestão para
novas reflexões, porque hoje os holofotes voltaram para este membro que chega a
falar, gritar, sorrir e chorar nas mãos dos interpretes de libras. Estendo
então a minha mão a todos para agradecer a atenção e ter esperado até aqui para
receber o nosso tchau que também o faremos com a mão.
Fonte: CLIENT