10 de janeiro de 2021 às 09:45
APEGO E DESAPEGO
Crônica de Elias
Daniel de Oliveira (10/01/2021)
O ser humano tem um hábito
muito estranho de se apegar àquilo que não precisa mais, fundamentalmente às
coisas e objetos do passado. As caminhadas precisam ser sempre pra frente, pra
onde os olhos miram-se e os pés apontam. Apegar-se em demasia poderá te ajudar
a frear o seu desenvolvimento.
É muito comum encontrar nas
casas objetos do passado que não servem pra mais nada a não ser acumular
poeiras e atrair bactérias. “Quem vive do
passado é museu”, já dizia a expressão popular. Para muitos o apego ao saudosismo não permite desfazer
aquilo que foi história. Faça uma doação
das suas quinquilharias pra quem gosta de colecionar ou arquivar para estudo.
Aquilo que você acha que é lixo, jogue na lixeira. Tudo bem que o pessoal do
contra certamente dirão que a velharia é para manter a recordação e as
lembranças. Para isto, Deus, na sua divina sabedoria, criou o cérebro sob a
direção do Inconsciente. Ele sim é responsável por armazenar tudo o que você
precisa. O apego aos objetos do passado te prende por causa do peso. Solte-se,
relaxe, viva a vida com intensidade, olhe pra frente! Tudo o que o passado te ensinou
está sendo utilizado no presente e não precisa de provas e testemunhos. Existe
muita coisa que na verdade te faz sofrer e sejamos autênticos, sofrer pra quê?
A vida te dá inúmeras chances para ficar feliz e você quer insistir naquilo que
te deixa triste? Agindo assim fica claro que você não aprendeu a viver. Mas...
e as fotos? Devemos descartá-las? Não, obvio que não. Mas elas não podem ser a
coisa mais importante na sua vida. A modernidade ensinou a registrá-las nas
memórias do celular, computador, pen drives ou nuvens. Não mais em um papel que
irá para uma caixa saudosista e que com o tempo desgastará ou poderá ser comida
pelos cupins. Tudo bem que estamos sendo bem drásticos, mas a nossa intenção
perpassa o armazenamento de objetos antigos, estamos falando de sentimentos e
assuntos relacionados ao coração e à mente. Talvez por causa disto muita gente se
amargura nos traumas, depressões e pânicos e os psicólogos agradecem.
O apego a roupas e sapatos
então é uma coisa impressionante! É um tal de achar lindo aquele vestido,
blusa, etc e pior ainda quando alguém gosta de determinado vestuário por fazer
lembrar o parente que faleceu. O site CASA PRÁTICA QUALITA sugere algumas dicas
para promover o desapego no armário. A primeira é: ESSE OBJETO NÃO FAZ PARTE DE
VOCÊ. Dá uma geral no seu guarda-roupa tirando tudo e colocando de volta aquilo
que de fato é de uso. Se livre das peças desnecessárias, mesmo que ainda
estejam novas. A segunda: ESSA MODA JÁ PASSOU. Serve tanto para homens como
mulheres. Pode até ser confortável ou você ser adepto da expressão: a moda é a gente quem faz, mas se você
pode atualizar-se, por que não tentar? Terceira: ROUPAS ESTRAGADAS SÃO
DISPENSÁVEIS. Foi-se a época em que um remendo resolvia. Hoje se você estiver
com dó daquele buraco na calça, a boa dica é enfiar o dedo ali e acaba de
rasgar, ai sim você vai conseguir descartar. Quarta dica: A VIDA É FEITA DE
PRIORIDADES. Selecione aquelas peças que têm uma longa vida útil e que sejam
difíceis de enjoar. Esta dica serve inclusive quando se vai à loja. Tem gente
que compra com a emoção e acaba levando roupas que não vai usar, ou com
estampas e cores cansativas que muito rapidamente vão cair em desuso. Quinta: HARMONIZE
SEU GUARDA-ROUPA. Separe um espaço para cada tipo de peça. Além de ficar
visualmente agradável, isso também vai te ajudar na hora de procurar o que vai
vestir. Sexta: DÊ LUGAR AO QUE É NOVO.
Falta de espaço no armário é sinônimo de exageros. Comprou camisetas
novas? Descarte o mesmo número daquelas que não te agradam ou servem mais. E sétima:
O SEU APEGO PODE SER DE OUTRA PESSOA. O que não serve para você pode ser
perfeito para outra pessoa em forma de doação ou venda. É claro que o processo
de desfazer dos apegos exige paciência, mas é necessário. No inicio você pode
até sofrer um pouquinho, mas no final concordará que valeu a pena.
A vida é semelhante a este
guarda-roupa. Muitas vezes faz-se necessário desfazer daquilo que é ruim,
prejudicial e aprisionável para adotar algo mais leve, confortável e que te
faça feliz. Caso não seja possível agir assim, valorize o que tem então e
trate-o como algo novo. Mas desapegue daquilo que não te faz bem, a não ser que
você consiga consertar. O saudoso Charles Chaplim já dizia: “Há que se despojar de tudo para alçar voo e
atingir o infinito, o peso é que nos prende ao chão”. Gloria Hurtado também
disse algo sobre o assunto: “Afinal, se
coisas boas se vão é para que coisas melhores possam vir. Esqueça o passado,
desapego é segredo!”.
Pois bem, estamos chegando ao
final de mais uma crônica e hoje dando uma chance ao desapego, embora tudo seja
muito subjetivo. Tem gente que se sente bem apegado ao seu passado ou objetos
antigos. O nosso propósito foi simplesmente tocar no assunto para mostrar que o
passado foi o construtor do mundo atual e merece respeito, mas não é necessário
trazê-lo de volta. Quem muito olha pra trás não consegue enxergar o caminho da
frente. O escritor Caio Fernando Abreu disse certa vez que, “A sua vida só vai pra frente depois que você
se desapegas das pessoas que te levam pra trás”. E nós acrescentamos também
o apego aos objetos, sentimentos e hábitos. O encerramento definitivo ficará
por conta de Fernanda Magalhães com suas palavras: “Desapego é como a desintoxicação. É lento às vezes e provoca até dor
muscular, falta ou excesso de apetite, mau humor repentino, saudades, ira,
arrependimento e insônia”, mas é necessário!
Fonte: CLIENT