20 de fevereiro de 2022 às 07:54

AMAR OS INIMIGOS?

Crônica lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 20 de fevereiro de 2022

Crédito:www.esbocandoideias.com

A liturgia deste final de semana propõe um desafio bastante incomum e ousado: AMAR OS INIMIGOS. Por qual motivo Jesus fez esta solicitação? Quem de fato é o meu inimigo? Quais os benefícios para mim e para ele a revisão deste rompimento? Amar o inimigo seria reatar a amizade? O quesito confiança se manterá intacto? Estas e outras indagações nortearão a nossa reflexão de hoje.

O evangelista responsável de nos enviar esta recomendação de Jesus foi o Lucas, no capítulo 6, versículos de 27 a 38. Logo no início o mestre já foi categórico: "Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam e rezai por aqueles que vos caluniam...". Além de batalhar pela promoção da paz e harmonia entre as pessoas, perdoar significa ficar livre do inimigo. O que acontece é o seguinte, quando você tem alguém que muito lhe incomoda negativamente, os seus dias ficam sombrios porque ele não sai da sua mente. Você dorme, come, anda, trabalha, reza, enfim, vive com aquela pedra no sapato. Os pensamentos fazem mil viagens de ódio ou arrependimento, onde fica a dúvida de quem poderá estar errado. Se for a outra parte, a vontade de vingança e retaliação atormentam de maneira excessiva. Se for de sua parte, o remorso ou sensação do dever cumprido supera até no momento de sentir aquela cobrança interna de ter feito a coisa certa ou não. A proposta de Jesus é te ajudar a ficar livre deste tormento. Uma vez perdoando-o, literalmente vai ficar livre dele.  Em momento algum o mestre pediu pra reatar a amizade, ficar de novo aos beijos e abraços, voltar a confiar. Perdoar seria evitar um mal maior e proporcionar tranquilidade na mente.

O ser humano é por si só conflituoso. As suas desavenças não são só com os outros, por muitas vezes briga consigo próprio. Se ele não criar o hábito de revalidar os seus conflitos pode ficar sozinho e isto é entediante. Infelizmente tem muitas pessoas que são ranzinzas e fechadas para o amor. Francamente o mundo não precisa de gente assim. Neste ponto ressaltamos a necessidade de amolecer o coração, vencer o próprio orgulho e procurar a paz. O gesto de perdoar pode demorar alguns segundos, embora pareça horas, mas lhe proporcionará um sossego eterno.

Não sejamos medíocres, o fato de perdoar os inimigos não serviria para todas as situações. Dependendo, o distanciamento da outra pessoa pode ser favorável e necessário para as duas partes e de repente o perdão sem aproximação física seria o caminho mais curto a percorrer.

Nesta leitura Jesus usa todos os seus argumentos para pedir que as pessoas evitem ter inimigos. Já que é difícil perdoá-los, melhor não tê-los. Por estas e outras o evangelho fala em fazer o bem aos outros, cair fora de conflitos e brigas, se alguém lhe der um tapa no rosto, oferecer o outro lado, se quiser te tomar o manto, deixear levar também a túnica e por ai vai. Seria fazer papel de bobo? Muito pelo contrário, seria um gesto inteligente conseguido por poucos. Há quem chame isto de "Tapa de Luva". Quando uma pessoa vai até você com muito ódio no coração, está mostrando que lhe é superiora e quer uma resposta ou retaliação imediata para em seguida lhe impor mais munição. A partir do momento que você não abaixa os olhos, mostra-se inteligente e atenta, passa a informação de que não convém desperdiçar com ela sequer uma respiração. Isto a deixará possessa e derrotada.

A procura que todo cristão precisa ter por sua salvação exige-lhe algumas ações como amar aqueles que não o ama, ser bom, humilde, caridoso e cuidadoso. Jesus ainda acrescentou de não julgar os outros para não ser julgado, fazer o bem sem esperar nada em troca e ser misericordioso, até mesmo porque o Pai do Céu é misericordioso. Todos estes gestos precisam ser carregados de santificação, com aquela pincelada do amor de Deus. Fazer por fazer, os pecadores também fazem, afirmou Jesus.

Algumas inimizades são bobas, talvez pela falta de diálogo ou oportunidade de conversar. Lembram aquela historinha dos dois irmãos que brigaram depois de 50 anos de convivência? Eles eram vizinhos e tinham suas fazendas muito próximas. Antes trabalhavam juntos, compartilhavam o que produziam, mas a forte briga proporcionou-lhes o distanciamento e logicamente o silencio. Certo dia um carpinteiro bateu na porta de um deles para oferecer seus serviços. O irmão mais velho, carregado de ódio no coração virou para o velhinho e disse: "Tenho sim um trabalho para o senhor. Do outro lado do riacho tem uma fazenda que pertence ao meu irmão mais novo. Eu quero que o senhor faça uma cerca de três metros de altura com elas, pois eu nunca mais quero vê-lo". No lugar onde deveria estar a cerca, o carpinteiro construiu uma ponte belíssima. Nesse mesmo tempo, o irmão mais novo apareceu. Ele correu, cruzando a ponte, abraçou o irmão mais velho dizendo: "Você é muito especial, meu irmão... construiu essa ponte depois de tudo que lhe fiz...". Ao ver os irmãos se abraçando, o carpinteiro silenciosamente começou a partir até que eles pediram pra ele ficar e fazer outros serviços. O velhinho respondeu: "Eu gostaria muito de ficar, meus senhores, mas tenho mais pontes para construir, além de outros consertos".

Para fechar a reflexão, peguemos a conclusão da historinha, não podermos deixar a raiva e o ódio afastar as pessoas amadas e o orgulho passar por cima do amor. É sempre bom aprender a perdoar, apreciar e amar verdadeiramente tudo o que se tem. Pelo evangelho deste final de semana, Jesus agiu como um verdadeiro psicólogo promotor da paz e harmonia entre as pessoas!

Fonte: CLIENT

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