03 de agosto de 2024 às 08:01
A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 04 de agosto de 2024 no programa SHOW DE DOMINGO
Iniciando agosto, nos deparamos
com o mês vocacional e junto, a celebração da família. Ao celebrá-la, nós temos
o dia dos pais, mas esse tema será reservado para semana que vem. Para hoje,
vamos nos inspirar na música UTOPIA, de autoria do Padre Zezinho.
"Das muitas coisas do meu
tempo de criança, guardo vivo na lembrança o aconchego de meu lar. No fim da
tarde, quando tudo se aquietava, a família se ajuntava no alpendre a conversar.
Meus pais não tinham nem escola, nem dinheiro, todo dia, o ano inteiro, trabalhavam
sem parar... faltava tudo, mas a gente nem ligava, o importante não faltava,
seu sorriso e seu olhar. Eu tantas vezes, vi meu pai chegar cansado, mas aquilo
era sagrado, um por um ele afagava e perguntava quem fizera estrepolia e mamãe
nos defendia e tudo aos poucos se ajeitava. O sol se punha e a viola alguém
trazia, todo mundo poente. Correu o tempo e hoje vejo a maravilha de se ter uma
família quando tantos não a tem, agora falam do desquite e do divórcio, o amor
virou consórcio, compromisso de ninguém. E há tantos filhos que bem mais do que
um palácio, gostariam de um abraço e do carinho entre seus pais... Se os pais
amassem, o divórcio não viria, chamam a isso de utopia, eu a isso, chamo paz".
Esta canção nos proporciona uma
comparação entre as famílias de antigamente e as de hoje. É claro que a
modernidade propôs uma nova maneira de viver todos os temas, como o estudo, a
religião, cultura, o trabalho e, por aí vai. Talvez possamos dizer que atualmente
a vida esteja muito mais cômoda, mesmo os mais humildes podem contar com
privilégios que antes até famílias folgadas não possuíam. Mas, alguns fatores
precisam ser levados em consideração, os princípios éticos, o respeito e a
valorização do ambiente familiar, Padre Zezinho mostrou isso na sua música.
Parece que no mundo atual, os filhos se esqueceram dessa máxima, grande parte
acha careta o antigo hábito de se pedir a bênção, uma de nossas crônicas
passadas tratamos o assunto e foi possível ver que os pais, avós, tios e os
sacerdotes possuem este privilégio de abençoar em nome de Deus. Chamar os mais
velhos de "senhor" ou "senhora" foi mudado por "você", parece estranho, mas os
jovens perderam a noção de autoridade dos seus pais e querem se comparar a
eles, mesmo sendo ainda dependentes.
A família é um santuário
sagrado, onde tudo começa. É dali que as pessoas saem todos os dias para fazer
o mundo acontecer. Dentro do ponto de vista religioso, ela é considerada a "Igreja
Doméstica" e no social, o alicerce para a construção da sociedade. Se
dentro de casa todos aprendessem os bons princípios, da porta para fora eles
seriam melhores utilizados e os problemas sociais seriam bem menores. Para
isso, quem tem a intenção de constituir uma família, precisa saber que fica na
sua responsabilidade a formação de novos cidadãos, assim, se a educação for
perfeita, a sociedade muito se beneficiará, contudo, se a aprendizagem for
falha, todos sofrerão as consequências. Há quem diga que pode não ser tão fácil
assim, muitos fatores dificultam uma boa estrutura familiar, sim, claro, mas
todos os esforços precisam acontecer para que as coisas fluam. O problema é que
muitos preferem aprender com as novelas como criar seus filhos e viver seus
relacionamentos do que se apegar a Deus e fazer a coisa certa. O lar que reza
encontra soluções para todos os seus problemas, fica essa a dica.
A vocação da família, em pleno
mês vocacional, é imitar a família de Nazaré. José cuidava de Maria e de Jesus
com um carinho fenomenal, além de ensinar o seu oficio de carpinteiro,
mostrava-lhe o caminho do bem mesmo sabendo que ele era o escolhido de Deus.
Hoje os pais precisam mostrar aos seus filhos que a vida não é fácil e que os "nãos"
são aprendizados cruciais para saber enfrentar os obstáculos que a vida proporcionará.
Os filhos, por outro lado, precisam entender que seus pais são batalhadores e
que muitas vezes privam de muita coisa em função do bem-estar deles. Assim,
cabe-lhes fazer as suas partes como alguém que é grato por tudo. Os prazeres da
vida saem muito caro e não caem do céu e a melhor maneira de pagar por tantas
mordomias seria respeitando, reconhecendo e oferecendo em contrapartida empenho
nos estudos e nas atividades domésticas.
O escritor Gossip Girl disse
que "Quando o assunto é família, no fundo ainda somos crianças, não importa
o quão velho ficamos, sempre precisamos de um lar para chamar de lar. Porque se
as pessoas que você mais ama, não pode evitar em se sentir sozinho do mundo".
O nosso lar precisa ser o nosso porto seguro, por mais simples que seja, mas o
amor precisa comandar. Lembremos mais uma vez a música do Padre Zezinho que nos
inspirou: "faltava tudo, mas a gente nem ligava, o importante não faltava,
seu sorriso e seu olhar". Outra canção deste mesmo autor - ORAÇÃO PELA
FAMILIA - apresenta uma sabedoria brilhante: "Que nenhuma família comece em qualquer de repente. Que nenhuma família
termine por falta de amor. Que o casal seja um para o outro de corpo e mente e
que nada no mundo separe um casal sonhador. Que nenhuma família se abrigue
debaixo da ponte e que ninguém interfira na vida dos dois. Que ninguém os
obrigue a viver sem nenhum horizonte. Que eles vivam do ontem, no hoje em
função de um depois. Que a família comece e termine sabendo onde vai e que o
homem carregue nos ombros a graça de um pai (...)".
A vocação da família é viver em
harmonia de maneira partilhada. Todos fazem parte de um mesmo contexto e
precisam montar juntos a dignidade familiar. Além das orações, o diálogo é uma
boa saída para resolver problemas. A voz alta, agressiva e opressora deve ser
abolida, isso porque não se ganha nada com grito, mas pela serenidade ao falar.
O respeito deve ser palavra de ordem para que o amor possa prevalecer. É
necessário um empenho de todos para a que televisão, as redes sociais e a
internet não interfiram na condução harmônica do lar. E para encerrar, utilizemos as palavras de Carlos
Aguiar, do seu livro ACEITE OU MUDE: "Não existe maior e melhor fortuna que uma
família unida. A união nos faz viver mais felizes. Uma família feliz enfrenta
barreiras com determinação e apoio, na certeza de que temos uns aos outros".
Fonte: CLIENT