Em 08 de setembro, comemoramos o DIA DA JUSTIÇA. Segundo a Bíblia, "Um justo é uma pessoa que pratica a justiça e rejeita o pecado. Deus é justo e perfeito, ele faz sempre o que é certo e não comente erros. Deus abençoa o justo, que lhe obedece de todo coração ". No mundo de hoje o melhor beneficiário da justiça é quem a melhor interpretar, os demais ficarão com o restolho, infelizmente é assim que funciona.

Segundo a Wikipédia, "Justiça é um conceito abstrato que se refere a um estado de interação social ideal onde há um equilíbrio, por si só, razoável e imparcial, entre os interesses, riquezas e oportunidades das pessoas envolvidas em determinado grupo social. As suas concepções e aplicações práticas variam de acordo com o contexto social em uma determinada região e a sua perspectiva interpretativa, sendo comumente alvo de controvérsias entre pensadores e estudiosos". Diríamos que os profissionais da área do direito são os responsáveis pela interpretação e execução das leis que fazem dar vida à justiça social. O problema se concentra no fato de que a maioria da população tem dificuldade de acompanhar ou pelo menos entender, assim, os advogados, juízes e promotores nadam naquelas palavras, cabendo ao cliente pagar e esperar o resultado. Parece ousadia de nossa parte, mas não foge muito disso não. Na escola poderia ter a disciplina Noções de Direito ou pelo menos, os dizeres constitucionais poderiam ser numa linguagem em que todos pudessem compreender. Pelo conceito da Wikipédia, percebe-se as expressões "abstrato" e "equilíbrio", mas em seguida complementa com "razoável e imparcial entre os interesses". A razoabilidade já deixa subtendido que não existe magnitude, trocando em miúdos, até mesmo quem tem algum tipo de erro em condições de perder a causa, pode se safar diante de uma boa defesa. O site dos significados ainda acrescenta: "As suas concepções e aplicações práticas variam de acordo com o contexto social" e não deixa de citar uma frase que citamos na introdução, "diante de uma perspectiva interpretativa". Assim, como podemos conceber a Justiça? Certamente como algo incompreensível. Que o diga a finalização do conceito da Wikipédia: "sendo comumente alvo de controvérsias entre pensadores e estudiosos".

Diante da nossa dependência da justiça, fundamentalmente a social, precisamos valorizar ou pelo menos ter um bom advogado para chamar de "meu" e que possa nos defender sempre, mesmo quando nós mesmos duvidamos das nossas certezas.  O certo seria que todos tivessem como ferramenta a honestidade, mas, sinceramente, sabemos que é impossível! É claro existem muitos idôneos e excelentes profissionais que interpretam a lei na sua essência, em contrapartida existem aqueles que são fortíssimos manobradores da constituição em favor do cliente e mais ainda de si próprio.

Na capital federal tem uma estátua, símbolo da justiça. Ela fica em frente ao Supremo Tribunal Federal. Ela possui os olhos vendados, está assentada com uma espada no colo. Essa espada representa a força, prudência, ordem, regra e aquilo que a consciência e a razão ditam. A venda nos olhos pode significar o desejo de nivelar o tratamento de todos por igual, sem distinção com imparcialidade e objetividade. Ela assentada simboliza a relação entre força e justiça, seria a força do poder do soberano Júpiter com as leis da terra. Trata-se de uma referência à deusa grega Thêmis, a deusa da justiça, da lei, da ordem e protetora dos oprimidos. Ela era a segunda das esposas divinas de Zeus e costumava sentar-se ao lado do seu trono para aconselhá-lo. Na sua estátua oficial ela fica de pé e além dos olhos vendados e a espada, traz consigo a balança, como símbolo do equilíbrio. Também se apresenta pisando na cabeça de uma serpente em cima de um livro que representa a constituição. Na estátua de Brasília ela está sem a balança para trazer a intenção de nivelar o tratamento jurídico igualitário. Acredito que possa ser por causa da EQUIDADE, aquela palavrinha que questionou a IGUALDADE. Nada pode ser tão igual, tudo precisa passar pelo crivo da necessidade.

Numa consulta imediata ao Google, justiça sempre vem relacionada ao direito, às leis, ao jurídico, à constituição e por aí vai. Mas ser justo é muito mais do que isto! Precisamos praticar a justiça independente de sermos cobrados ou penalizados. Sendo Deus justo e nós seus filhos, nada mais certo do que andar corretamente. O pai da injustiça é satanás e dele queremos distância. A prática da verdadeira justiça está relacionada à sabedoria. O justo é sábio! Atente-se a este conceito da Wikipédia: "Sabedoria está associada a atributos como juízo sem viés, compaixão, autoconhecimento experiencial, autotranscendência e não apego e a virtudes como ética e benevolência". Assim, uma pessoa que sabe usar a sabedoria, consegue praticar a justiça na sua magnitude. Vejam que o autor utilizou a expressão "autotranscendência" que é a faculdade essencialmente humana de dedicarmo-nos a algo, alguém, obra ou causa que ultrapassa as barreiras do "eu", seria transcender-se e superar questões individuais para assumir uma postura mais humanista. Até mesmo o filósofo Platão já deixava claro que "a justiça é sinônimo de harmonia social, sendo justo aquele que se comporta conforme a lei a define, como a relação harmônica de três virtudes fundamentais, tendo elas o propósito de regular a alma: a temperança, a coragem e a sabedoria".

Chegamos ao final, hoje refletindo sobre a justiça. No fundo é um tema que chega a ser polêmico, julgar é algo complicado! Até mesmo o autojulgamento não é fácil. O Pequeno Príncipe, obra de Sainct Exupéry, já dizia: "Podes considerar-se um verdadeiro sábio se conseguires julgar-se bem". Como diz também o dito popular, "o melhor juiz é Deus". De fato, não é! Os homens são poucos confiáveis, principalmente quando usam como filosofia o egocentrismo. Fechamos então com a fala de Francis Bacon: "A consciência é a estrutura das virtudes".

Fonte: CLIENT