04 de setembro de 2023 às 15:29

A DEUSA INTERNET

CRÔNICA DE ELIAS DANIEL DE OLIVEIRA, LIDA E INTERPRETADA POR EVALDO CARVALHO NO DIA 02 DE SETEMBRO DE 2023 NO PROGRAMA SHOW DE DOMINGO.

Crédito:r4you.co

O mundo sobreviveria sem a internet? É bem provável que não. Esta arte da tecnologia tem em torno de 50 anos de nascimento e 30 de liberação ao público. Os mais novos provavelmente não conseguem entender como as pessoas sobreviveram sem ela. É chato dizer, mas a internet se tornou uma deusa que fez o mundo ficar mais cômodo, prático e avançado. O tema é bastante complexo e tudo o que dissermos, certamente não contemplará nem 10% do que ela pode oferecer.

Para nós brasileiros, a internet foi disponibilizada apenas no ano de 1995 e tinha a capacidade de 64 Kb/s. Tudo era muito lento, normalmente podíamos receber mensagens de texto, ler e-mails, transferir arquivos e acessar websites leves muito lentamente. Ela chegava discada pelo telefone e como tinha muita gente querendo usar, era muito difícil o acesso.  Convém levar em consideração também que os computadores não ajudavam muito, eles possuíam pouca potência e memória. Desta forma as pessoas admiravam, mas viam distantes a evolução deste recurso tecnológico. As empresas grandes se esforçavam muito para se beneficiar de alguma coisa, mas as pequenas preferiam esperar, até mesmo porque era muito caro os serviços da internet. Nas residências, o melhor horário de pesquisa era nas madrugadas, onde ela ficava mais aliviada e desenvolvia um pouco mais. Hoje se alguém precisar esperar alguns segundos a mais para alcançar o seu objetivo, fica irritado, reclama, xinga e se o tempo demorar ainda mais, liga para a provedora para pedir explicações. Por um lado, é possível entender, isto porque o mundo de hoje vive numa dependência incomensurável com este recurso. Os GPS controlam por completo a locomoção das pessoas nos seus carros a tal ponto de a prefeitura pouco preocupar com as placas com nomes de rua. A economia não vive mais de outra forma e novos formatos de negociações estão sendo criados a todo instante, isto significa que a moeda em espécie está com os dias contados para dar lugar às virtuais. Interessante que a internet conseguiu mostrar ao jornalismo televisivo e impresso que os seus trabalhos foram bons enquanto duraram, mas agora as pessoas não precisam mais dos seus serviços, elas podem escolher a notícia que melhor lhe aprouver, sem precisar ser enganadas, ludibriadas ou alienadas. Pena que alguns exageram nesta comodidade e criam a famigerada Fake News. A internet possibilitou também a aproximação virtual das pessoas, como se estivesse numa sala o internauta consegue conversar com muita gente, trocar confidências, fotos e informações independente da distância. Em contrapartida, este fator acarretou solidão, ansiedade e depressão em muita gente que trocou a amizade, os abraços e o contato físico por seguidores.

Em uma de nossas crônicas anteriores abordamos o tema sobre a sociedade invisível, onde ela se movimenta, mas não é enxergada por ninguém. O problema é que as pessoas também ficaram invisíveis dando lugar aos celulares conectados à internet. Assim, é muito comum nos bares os amigos se comunicarem virtualmente ou mesmo acessar o celular para enviar imagens e receber outras, deixando a desejar o contato e o olho a olho com os demais da mesa que estariam ali para reforçarem a amizade. Tudo bem que a internet deixou o mundo menor e tudo mais perto, o Japão pode até ser longe do Brasil se você consultar no mapa ou resolver dar uma chegada lá, porque virtualmente a distância é questão de milésimos de segundos, tudo dependerá da velocidade da sua internet ou da agilidade dos seus dedos. Enquanto ela trabalha pela paz, de nada podemos reclamar, o ruim é quando ela causa a separação ou consegue intensificar a desigualdade social.

Por tudo o que já dissemos, não é desejo nosso nunca transformar a internet numa vilã e sim uma parceira. Ela nasceu para tornar o mundo mais interessante e nunca pode ser objeto de destruição. Neste ponto lembramos aquela parábola de Jesus quando falava do joio no meio do trigo. Mas, desde que seja bem usada, ela pretende ajudar muito mais que atrapalhar, tudo vai depender dos seus usuários. De acordo com o site grea.org.br, cada brasileiro passa, em média, nove horas e vinte minutos conectados à internet por dia, fazendo com que fiquemos atrás apenas das Filipinas, que ocupa a liderança mundial de uso. Numa outra pesquisa, feita em 2019, 134 milhões de brasileiros acessaram a internet preferencialmente pelo aparelho celular, sendo que a faixa etária predominante no consumo está entre 16 e 24 anos. Estes dados foram antes da pandemia, difícil imaginar o que aconteceu depois, quando ela assumiu quase que por completo o cotidiano das pessoas que precisaram ter uma nova rotina. Ao utilizar dados mais atualizados, informamos que as conexões neste ano de 2023 tiveram um crescimento de 2,3%, totalizando 5 milhões de usuários; 181,8 milhões de pessoas utilizam a internet, sendo 84,3 da população brasileira.

Um boato rondou nas redes sociais que a NASA havia anunciado um blecaute na internet que ficaria mais ou menos um ano sem funcionar por causa dos ventos solares e explosões solares. Segundo os divulgadores desta falsa notícia, isso causaria uma tempestade gel magnética na terra, afetando todos os aparelhos eletrônicos e também satélites. O boom afetaria também as linhas telefônicas e tudo que dependesse da internet. Essa Fake News surgiu por causa da fala de especialistas que citaram um provável apocalipse por causa destas explosões no sol, mas a NASA deixa claro que esta possibilidade é remotíssima. Seria sim um excelente tema para um filme ou série.

Concluindo, lembramos as grandes transformações da humanidade que se iniciou com a domesticação do fogo, depois a industrialização, o nascimento dos computadores e por fim a chegada da internet. Como todas as outras, a sociedade viveu um mundo inimaginável, acreditando que não haveria mais nada a ser criado. Neste ponto questionamos: será mesmo o fim? O que mais o futuro está preparando para nós? 

Fonte: CLIENT

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