08 de dezembro de 2024 às 07:52
A ATUAÇÃO DOS SENTIMENTOS
Crônica de Elias Daniel de Oliveira, lida e interpretada por Evaldo Carvalho no dia 08 de dezembro de 2024 no Programa Show de Domingo
A plataforma Disney lançou nesse
ano o filme DIVERTIDAMENTE 2, uma sequência da primeira saga. A obra apresenta
de maneira muito criativa a atuação dos sentimentos em uma adolescente. Embora
tenha todas as características de um filme infantil, ele mostra como podemos
entender a administração do nosso cérebro.
Riley, a garota protagonista da
obra se vê agora com 13 anos. No primeiro filme, os sentimentos infantis
dominavam o seu cotidiano, mas chegando nesta fase, novos personagens assumem o
comando, causando sustos e nova dinâmica. Junto com o amadurecimento, a sala de
controle mental passa também por uma transformação significativa para dar lugar
a novas emoções. Para entendermos melhor, vamos conhecer quem são estes
personagens, temos a Alegria, a Tristeza, a Raiva, o Medo e o Nojo que
predominaram a vida de Riley na sua infância. Estes sentimentos faziam um
controle bem bacana no seu cérebro como se fossem anjos da guarda, este é o
spoiler do primeiro filme de Divertidamente. Agora chegando na adolescência, ou
mais precisamente, pré-adolescência, estes sentimentos continuam muito ativos,
mas, para a surpresa de todos, nova equipe chega para assumir o comando: a
Ansiedade, a Inveja, o Tédio e a Vergonha, e a tiracolo, a Nostalgia. Da mesma
forma que na vida real, esta turma chega chegando, com diz a expressão.
Muitas demolições iniciam para a construção de novos ambientes, novas maneiras
de ver a vida, de enfrentar os problemas, desafios e amizades. A nossa
garotinha já tem aparelho no dente, espinhas, novos esportes, escola e amigas.
Como de um dia para o outro, a vida vira radicalmente.
Não tivemos o patrocínio da Disney
para incentivar o interesse por este filme, mas aquilo que nos faz refletir e
nos proporciona lição, é sempre bem-vindo! A adolescência é uma fase que
necessita muita atenção. É exatamente nela que a transformação chega de maneira
súbita, a criança com seus brinquedos, inocência, dependência e infantilidade
se vê, de repente, de outro jeito como se a mudança fosse da noite para o dia.
É como se uma bagagem pesada fosse jogada nas costas, sem, contudo, estar
preparado para tal. As recém descobertas e desafios chegam ocupando um espaço
não tão preparado assim. Os hormônios ficam à flor da pele e, por incrível que
pareça, os adultos próximos têm muita dificuldade de lidar com a situação ao
ver tanta animação, interesses sexuais, agitação, ódio e desinteresse, tudo ao
mesmo tempo. Os pais passam ser encarados como retrógrados, os professores como
chatos e exigentes, a sociedade como opressora, costuma sobrar até para Deus,
quando acham que não precisam dele mais. Faz-se necessário um grande jogo de
cintura por parte de todos para que as coisas não saiam do controle, isto porque
não se pode fazer todas as suas vontades, os nãos precisam ser usados
com sabedoria, contudo, se houver muitas proibições, acusações, chamadas de
atenção, ou mesmo não compreensão, o adolescente poderá ter traumas terríveis
que os afetarão até mesmo sua vida adulta.
Os produtores do Divertidamente
foram muitos felizes ao mostrar em desenho como atuam os sentimentos. Na
primeira fase, a Alegria é a líder, a sua equipe é composta pela Raiva,
Tristeza, Medo e o Nojo. Enquanto criança, estas emoções são nítidas e como
tudo tende a ter um final feliz, conseguimos entender a sua liderança. Chegando
na adolescência, ela continua querendo comandar, mas, contudo, a Ansiedade e
sua turma chegam não querendo guerrear ou destitui-los, mas revelando que agora
a vida seguirá de outra forma. A reforma é grandiosa com operários trabalhando a
todo vapor, a antiga equipe sente-se acuada e querendo mostrar importância, mas
aquela menininha já não era a mesma, a adaptação se fazia necessária. A grande
jogada inteligente do filme é evidenciar como a ansiedade acaba se tornando o
pivô de toda esta mudança e é exatamente isto que acontece na realidade. A
alegria perde um espaço enorme e tudo aquilo que era só festa e diversão dá
lugar às dúvidas, revoltas e medos. No filme, o descontrole emocional diante de
tanto serviço, fez com que a ansiedade quase enlouquecesse, neste instante
vimos a Riley com falta de ar e crise de pânico, infelizmente muito comum entre
os garotos e garotas, e por incrível que pareça, quem conseguiu aliviar a
situação foi a Alegria, indicando que não poderia ser descartada.
Por causa do contexto, muito
citamos os adolescentes, mas a atuação dos sentimentos serve pra todo mundo. O
diferencial se encontra no fato de os adultos conseguirem domá-los um pouco
melhor. É claro que esta narrativa não é universal, muita gente se perde e
permite que suas emoções extravasem, prejudicando-os. Diríamos que a depressão,
o stress, o descontrole emocional, a bipolaridade e outros fatores humanos são
resultados do não domínio das atividades mentais. Seria o nosso Divertidamente
entrando em ação. Prezamos sempre a alegria, felicidade e sucesso, mas o medo,
a tristeza e a insegurança parecem nos puxar pra trás, assim, se faz necessário
absolver pensamentos positivos e mostrar para a nós mesmo quem é que manda e
batalhar fortemente para reverter a situação. A forma na qual fomos concebidos
é a mesma para todos, o desenrolar dos dias é que nos faz tomar rumo. Deus não
dotaria de maneira diferenciada as pessoas, todas possuem as mesmas aptidões, a
questão é que uns desenvolvem mais, outros menos, excluindo, claro, as
limitações.
Chegamos a mais um final! Hoje inspirando no filme da PIXAR exibido pela Disney: DIVERTIDAMENTE 2. Os nossos sentimentos trabalham para nós e sendo então nossos funcionários, precisam atender ao nosso comando e não o contrário. A sabedoria precisa ser a gerente deste processo para que tudo possa fluir na normalidade com muita qualidade e competência. O escritor Marcus Vinicius, já dizia: "É você que tem o poder sobe sua mente – não os eventos exteriores. Perceba isso você entrará a força".
Fonte: CLIENT